Julho é o mês escolhido pelo Ministério da Saúde (MS) para dar uma atenção especial a uma doença silenciosa e perigosa: hepatite viral. No Tocantins, pelo menos 1605 pessoas foram acometidas por hepatite dos tipos A, B ou C de 2014 até maio deste ano , conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Ses), e a intenção da campanha é reforçar a prevenção com palestras, rodas de conversa e testes rápidos a fim de conscientizar a população sobre a necessidade de se cuidarem.

De acordo com o médico infectologista, Alexandre Janotti, o principal desafio é o fato de a hepatite ser silenciosa, o que exige mais atenção e cuidado. “As pessoas adquirem os vírus e passam até décadas até que sintam algum sintoma ou os exames mostrem alguma alteração, isso complica muito o tratamento, por isso a importância da prevenção, especialmente nos casos das crônicas (tipos B e C), em que os vírus são transmitidas sexualmente ou por contato com sangue”, explica.

Tipos

Os tipos mais comuns de hepatites virais são A, B e C, sendo a C a mais perigosa e epidêmica, atingindo três milhões de brasileiros que não sabem que têm o vírus, segundo o Ministério da Saúde. O vírus do tipo C é transmitido pelo contato com sangue contaminado e leva a inflamação do fígado podendo chegar a cirrose ou câncer do fígado. No Tocantins, a hepatite C já atingiu 20 pessoas só em 2019.

Já a hepatite B é o segundo tipo com maior incidência, sendo transmitida por relações sexuais e também contato sanguíneo. Neste ano, esse vírus é o que mais acometeu tocantinenses, chegando a adoecer 63 pessoas em 2019 e 731 nos últimos cinco anos. Para o infectologista, a melhor prevenção é a vacinação e o uso de preservativos. “A vacina contra hepatite B está no calendário de vacinação anual e disponível nos postinhos e também é importante que as pessoas façam sexo seguro, sempre com preservativos”, comenta.

Diferente da B e C, a hepatite A está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve e cura sozinha, mas deve-se ter o devido acompanhamento médico.  

Conforme a Ses, o tratamento das hepatites virais do tipo A são tratadas nas Unidades Básicas de Saúde, mas o tratamento das hepatites B e C são referenciados para os cinco Serviços de Assistência Especializada (SAE) que funcionam em Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso.

Prevenção

Janotti explica que, devido a doença ser assintomática, a população precisa fazer exames regulares para descartar a possibilidade de doença hepática, em especial pessoas que tiveram contato com sangue em algum momento ou que também receberam transfusão de sangue.  “Quem tem mais de 45 anos deve fazer o teste mesmo sem nenhum sintoma, pessoas que já receberam transfusão de sangue há mais de 20 anos também e aqueles que fizeram tatuagens com agulhas que não eram descartáveis, a anos atrás também precisam ter uma atenção especial”, comenta.

Conforme o especialista, neste mês a campanha pretende levar a população a fazer os testes rápidos disponíveis nas unidades de saúde que são importantes para identificar a doença. “O teste é uma triagem inicial, depois dele é preciso ter uma avaliação médica para tratamento, também os profissionais de manicure/pedicure e tatuadores serão orientados pelos órgãos institucionais para usarem material esterilizado e descartável”, afirma o médico.

Segundo a Prefeitura de Palmas, haverá ações de prevenção nos centros da comunidade e também em salões de beleza para orientar manicures e pedicures sobre práticas seguras no ambiente de trabalho, buscando prevenir tanto o profissional quanto seus clientes, além de vacinação contra hepatites virais e convite para testagem nas unidades para os trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).