Redação Jornal do Tocantins
Policiais civis da 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Palmas deflagraram na manhã desta terça-feira, 21, a ‘Operação Pavilhão 5’, para cumprir mandado de prisão contra três suspeitos de matar o detento André Luiz Borges de Souza, em 21 de dezembro do ano passado, dentro da Unidade Penal Regional de Palmas, a antiga CPP (Casa de Prisão Provisória de Palmas) enquanto ele tomava banho de sol. Na unidade, o pavilhão 5 é destinado a presos filiados às facções criminosas.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois mandados de prisão e cinco de busca foram cumpridos na Unidade Penal de Segurança Máxima de Cariri, outro de prisão e de busca, na Unidade Penal de Palmas. Na Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota apenas um de busca.
O delegado Eduardo Menezes explicou, por meio da assessoria, que sete custodiados são indiciados pelo crime de homicídio.
“Representamos pela prisão preventiva dos sete, porém foram deferidas apenas três, porque a justiça entendeu que os outros quatro dificilmente sairão do presídio pois já têm penas altas a serem cumpridas. Um deles, inclusive, já responde por outro homicídio ocorrido em Araguaína também dentro da prisão”.
Os indiciados por homicídio qualificado são: A.F.S., “o Bené”, 22 anos; R.S.C., “o Coringuinha”, de 27 anos; F.G.S., “o Lambeta”, de 31 anos; J.A.A., “TH ou Artur”, de 30 anos; J.V.R.S., de 22 anos; P.F.C.J., o “Cigano”, de 35 anos, e M.A.M.R., o “Bozo”, de 24 anos.
Ainda segundo a polícia, os sete suspeitos serão ouvidos nas respectivas unidades prisionais, para averiguar a motivação para o crime.
Imagens da câmera de segurança
As investigações usaram imagens do circuito interno de segurança do pavilhão 5 da unidade penal para identificar os suspeitos. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os sete fizeram uma emboscada para a vítima durante o banho de sol.
De acordo com a pasta, as imagens mostram que a emboscada foi orquestrada por “Bené”. Ele reúne “Coringuinha”, “Lambeta” e “TH” e passa as instruções. Do lado oposto do pavilhão, a vítima assiste a um jogo de futebol disputado por outros reeducandos enquanto a armação é consumada.
“Após as instruções dadas, cada um dos integrantes segue para o seu posto previamente determinado. “Coringuinha” convoca “Cigano” para também participar da emboscada e ainda pede para os reeducandos que jogam capoeira para deslocarem a roda”, diz a secretaria.
As investigações apontam que a ideia de levar o círculo de luta para próximo do local do crime teria como objetivo a criação de uma espécie de “cortina humana” para acobertar o crime.
“Coringuinha” chama J.V.R.S., responsável por atrair André até o sanitário que fica no canto do pavilhão, com a desculpa de ser uma conversa. Para o delegado, a escolha do local se dá por acreditarem que ali era um ponto cego que as câmeras próximas não conseguiriam captar”, acrescenta a pasta.
Crueldade
De acordo com a SSP, as imagens mostram que enquanto J.V.R.S. conversa com André, “Lambeta” vem por trás e dá um golpe “mata leão” na vítima, que em seguida, leva um soco de outro homem ainda não identificado. “Após os golpes, a vítima, já livre dos primeiros agressores, usa a mureta do banheiro como apoio, tentando se recuperar, até que, Coringuinha determina que TH inicie uma nova sequência de agressões”.
Com a ajuda de “Lambeta”, a vítima é levada ao interior do sanitário, onde, agachado recebe vários golpes. Ele tenta se levantar mas é estrangulado por Lambeta. Cigano e Bozo teriam se juntado aos demais. “Caído ao chão, Bozo começa a pisar na vítima. As imagens mostram que ele se apoia na mureta com o intuito de empregar mais força, chegando a pular em cima da vítima. Considerando que a causa da morte de André, segundo o laudo pericial, foi traumatismo craniano, é possível afirmar que a ação contundente do Bozo foi certamente preponderante para esse resultado”, ressaltou o delegado.
Após as agressões de “Bozo”, “Cigano” agride a vítima novamente. Depois um a um dos agressores deixam o sanitário, alguns agachados usando o escudo humano formado pela roda de capoeira como proteção para não serem pegos pelas câmeras.
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