Os alimentos fornecidos diariamente em refeições servidas aos internos e policiais penais da Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) estariam estragados e armazenados de forma inadequada.

Segundo relatos em redes sociais desta quarta-feira, 18, o mau condicionamento das carnes servidas no local, algumas supostamente em estado avançado de putrefação, teria levado policiais penais a passarem mal após se alimentarem.

De acordo com Wilton Angelis Alves Pereira Barbosa, presidente da Associação dos Profissionais do Sistema Penitenciário do Tocantins (Prosispen), servidores da CPPP relatam o mau estado da carne servida no local desde semana passada.

“Chegaram a me enviar fotos e relatos em que diziam comer só laranjas porque a carne estava estragada e não era a primeira vez que isso acontecia. Eles mesmos se reuniram, isso não partiu da Prosispen, e denunciaram o caso para a Vigilância Sanitária devido ao risco à saúde dos servidores e internos do local”, relatou.

Barbosa afirmou que, após fiscalização, foi constatada uma suposta irregularidade no local de armazenamento dos alimentos. “Alegaram que a câmara fria estava com defeito e que iam solucionar”, concluiu.

A Redação entrou em contato com Flávio Albuquerque, advogado da empresa Bom Paladar (E. M. de Oliveira Batista), responsável por fornecer alimentação para a Casa de Prisão Provisória de Palmas, que informou não ter sido notificado sobre o fato.

A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) informou em nota que está ciente dos fatos e tomando as medidas necessárias. Acrescentou ainda que a empresa responsável pelo fornecimento de alimentos na Casa de Prisão Provisória de Palmas, diante dos acontecimentos, entrou em contato imediatamente com a coordenação de fiscalização e contratos e prestou esclarecimentos necessários acerca das supostas irregularidades.

A Embrasil Serviços, cogestora da unidade prisional, e a Polenta Alimentação, empresa responsável pelo fornecimento das refeições aos internos, colaboradores e servidores da CPP Palmas, esclareceu em nota que desde maio de 2018, quando a Polenta Alimentação passou a prestar serviços de alimentação na CPP Palmas, não houve qualquer registro de intoxicação alimentar na unidade e que ambas empresas zelam pela qualidade da alimentação produzida e servida na unidade, consumida também por seus colaborares, além dos internos e servidores do Estado, sem quaisquer distinções.

"A fiscalização da Vigilância Sanitária, em exame visual, identificou que apenas um lote de carne condicionada na câmara fria da cozinha da unidade apresentava coloração fora do padrão, podendo ser da ação de agentes químicos provenientes das embalagens e mesmo sem comprovação de deterioração, a Polenta Alimentação descartou e inutilizou 30 kg de carne bovina na presença dos fiscais. A Vigilância Sanitária orientou a ampliação do espaço de refrigeração na cozinha da unidade e seu prazo de 20 dias para que sejam instalados dois novos freezers para melhor condicionamento dos alimentos, o que já está sendo providenciado", afirmou trecho da nota.

Confira nota da Vigilância Sanitária na íntegra:

A Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (Semus) informa que a Vigilância Sanitária de Palmas (Visa) recebeu uma denúncia na última quarta-feira, 17, cujo relato dizia que a empresa responsável pelo fornecimento de refeições à Casa de Prisão Provisória de Palmas faria uso de carne em condições inadequadas de armazenamento e que em função disso estaria servindo alimento estragado.

No dia seguinte, os fiscais da Visa foram até o local de produção das refeições e averiguaram que, realmente, havia porções de carne bovina e suína deterioradas na câmara fria. Os fiscais procederam com a apreensão e o descarte dos produtos danificados. Foram gerados auto de infração e notificação, entregues ao gerente operacional da empresa. Foi solicitado providência quanto à aquisição de câmaras frias para acondicionar os produtos que requerem condições especiais de temperatura. A empresa será monitorada para que cumpra as adequações recomendadas. 

A Visa não possui registro de que pessoas tenham passado mal por consumirem alimentos fornecidos pela empresa em questão.