Determinado a cursar Medicina em uma universidade federal, o estudante Daniel Sebastian Barros, 19 anos, estudou todo o Ensino Médio em escola pública. Foram quatro tentativas para ingressar por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) até conseguir a aprovação. “Quando me deparei com a primeira reprovação fiquei bastante chateado, triste, porque eu tinha criado muito expectativa sobre o fato de entrar logo na faculdade”, comenta.

Passado o período de frustração, o rapaz resolveu abrir os livros e encarar novamente os conteúdos e tentar corrigir os erros cometidos. “Eu não tinha alternativa. Eu tinha aula pela manhã, estudava sozinho à tarde e também à noite. Eu gostava de fazer exercícios das matérias e resumos detalhados de cada disciplina que eu tinha dificuldade. Também controlei minha rotina e tentava dormir antes da meia noite pra não estar tão cansado no outro dia”, diz.

A cada reprovação no Enem, Daniel amargava nova frustração, mas na sequência reprogramava sua rotina de estudo para corrigir o que não havia dado certo. Até que no último exame ele conseguiu média suficiente para ingressar no curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT). “Foi muito difícil acreditar que a aprovação seria possível, o curso é tão concorrido que você acha que vai ficar estudando para sempre e nunca vai passar”, desabafa.

Persistência

A administradora Priscila Neres já se inscreveu em quase dez concursos públicos, mas ainda não conseguir ser aprovada em nenhum. “Fui reprovada recentemente em um concurso para o qual tinha passado meses e meses estudando. Era justamente um daqueles empregos que você passa a vida sonhando, mas que por falta de atenção acaba se dando mal em algumas questões na prova”, lamenta.

Apesar da frustração, Priscila encara com otimismo a volta aos livros e as longas horas de estudos. “Sei que uma hora vou conseguir, não sei quando, o que posso garantir é que estou fazendo minha parte e dedicando cada minuto da minha vida em aprender o conteúdo da prova, porque eu sei que no final das contas é essa coragem que vai fazer o nome ser publicado no Diário Oficial”, observa.

De acordo com a psicóloga Laura Campos, é preciso entender que a frustração só acontece em decorrência de expectativas, que normalmente não é baseada em uma realidade. Diante disso, se a pessoa se frustra é porque as expectativas dela estão incoerentes com o foco final e o desenvolvimento comportamental que ela teve para atingir tal meta. “Então a expectativa deve ser coerente com a disposição dessa pessoa diante das estratégias e da disciplina que ela deve ter para atingir seu objetivo, então se você não gosta de estudar e não gasta energia para isso, então não tem porque ter uma expectativa muito grande de que vai conseguir passar em um processo seletivo e concorrido”, ilustra.

A especialista diz que é preciso ter expectativas reais e coerentes com sua disposição. Se de repente eu sei que quero passar no Enem e tenho isso como meta, então tenho que me disciplinar enquanto frequência de estudos, me atentar às necessidades do processo, criar hábitos e reconhecer a necessidade de criar estratégias para atingir isso. Naturalmente você não terá frustração e sim desejos alcançados”, acrescenta.

A especialista ainda comenta que a grande sacada para o Enem que poderia ser usada pelos jovens é lembrar que existe um tempo para se preparar, porque são três anos no ensino médio. “O adolescente pode se organizar para passar por esse processo porque ele tem tempo e pode começar a estudar desde o primeiro ano. O cérebro é um acumulo de aprendizado e quando ele é estimulado, tendo contato com alguma coisa, se isso for com dedicação e treino, certamente ele terá aquilo como soma”, destaca. Ela aconselha que é preciso ter equilíbrio em todos os aspectos da vida, além de mesclar isso com atividade física, lazer.