A doméstica Maria Raimunda de Jesus, 51 anos, conta que mora na Quadra 603 Norte e trabalha como doméstica do outro lado da cidade, na Quadra 308 Sul. Para conseguir chegar a tempo no serviço, ela tem que sair de casa às 7 horas em um trajeto que necessita de dois ônibus – o detalhe é que nenhum possui ar-condicionado para minimizar o calor, além disso, os carros só passam de 30 em 30 minutos. “Como se não bastasse, alguns motoristas nem param quando os passageiros pedem. Acredito que deveria ter mais veículos disponíveis na Capital. O ônibus que pego é o 91/HGP e muitas vezes ele passa pelo ponto e não para porque está lotado. Gostaríamos de um ônibus com a rota mais completa. Na verdade, gostaríamos de mais respeito com o ser humano”, desabafa.

A também doméstica Francinete Alves dos Santos, 38 anos, relata que todos os dias pega o ônibus no Aureny IV para o trabalho, localizado em uma quadra na região Norte de Palmas. Segundo ela, a rotina começa às 6 horas, isso se não quiser correr o risco de perder a condução. “Às vezes o transporte deixa a desejar. São poucos ônibus. A maioria não tem ar-condicionado, o que deixa nossa vida ainda pior”.

Sem opções para deficientes físicos

A situação no transporte público da Capital se torna ainda mais insuportável para quem precisa de atendimento especial, como é o caso da aposentada Leodineia da Silva Costa Correa, 58 anos, que anda com a ajuda de muletas. O Jornal do Tocantins a acompanhou dentro do coletivo no trajeto de sua casa até o Hospital Osvaldo Cruz, onde ele iria descer para realizar uma cirurgia na coluna. “Às vezes entrar no ônibus é uma dificuldade porque tenho desgaste ósseo, hérnia e osteoporose. Teve momentos que cheguei a cair dentro do coletivo porque tenho dificuldades para me locomover devidos às muletas”, relata.

O ônibus que a aposentada e sua irmã Lucineia da Silva Costa, 58 anos, pegam diariamente para o trajeto em algum ponto no centro da cidade, também não tem ar-condicionado e a poeira integra o interior do veículo, já que a rota do carro é praticamente toda realizada em ruas sem pavimentação. “O poder público não faz nenhuma mudança em melhorar as condições para aos usuários. Tem muita poeira. Tenho problema no pulmão e acaba sendo uma dificuldade viver assim. A gente come muita poeira. Mas fazer o quê? Reclamar para quem?”, questiona a aposentada.

A dona de casa Roberta Alves, 60 anos, diz que nunca conseguiu se aposentar e por isso reclama do valor que paga nas passagens do coletivo, transporte necessário para ela se locomover em Palmas, já que não possui carro. “O valor da passagem é absurdo e nem sempre condiz com o tempo de espera e a qualidade nos ônibus”.

 Ela comenta que aguarda, frequentemente, mais de 40 minutos para ir da Avenida JK à Quadra 407 Norte. “Eu acredito que deveria ter mais ônibus para que não ficássemos tanto tempo esperando pelos carros. Esse é nosso direito! Temos que pagar tudo e as tarifas só aumentam. Sem contar que alguns motoristas são totalmente grossos. Teve um dia que  cheguei a cair no ônibus, porque o motorista deu uma ré bruscamente e não consegui me segurar. Acho eu deveriam ter mais educação e respeito com os usuários, principalmente os aposentados”.