Médicos e técnicos que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 no Hospital Regional de Araguaína (HRA) estão pedindo socorro para que a unidade seja abastecida com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) como máscaras e protetores do rosto (face shield). A contaminação de técnicos e médicos tem se agravado e os profissionais trocam mensagens em tons de desespero em busca de soluções diante do medo de contaminação. 
 
A pedido dos profissionais, a identidade e área de atuação dos citados não vai ser revelada, porque eles temem retaliação. “Aqui estamos revezando face shield. Hoje com várias estabilizações pedi mais, mas não está tendo”, responde um médico ao relatar sobre um pedido de outro profissional, por EPIs. 
 
Um profissional relata o cenário na UTI Covid-19 do Hospital Regional. “Está tudo complicado. Pacientes extremamente graves, pacientes novos, paciente entubado. [...] Pacientes chocados. Um caos”. O médico afirma ainda que a direção está fazendo impossível para acudir a todos. “Mas estamos numa guerra e é preciso cuidar dos enfermos”. 
 
Araguaína é o epicentro da doença causada pelo novo coronavírus no Tocantins com 2.907 casos confirmados até a segunda-feira, 15, e concentra 40,7% dos casos do Estado, com 33 mortes (24,2%) das vítimas falecidas pela doença no Tocantins. 
 
Mesmo assim, o município flexibilizou a volta do comércio e preocupa os servidores dos hospitais, como relata um profissional da saúde que percorre as ruas de Araguaína de bicicleta. “Pouca gente de máscara e os poucos que estavam de máscara ainda colocavam no queixo ou só na boca. Eram raros os que estavam com máscaras e corretas”.
 
Os profissionais temem aumento dos casos a partir das festas regionais realizadas em junho, quando também começa a temporada de praias de água doce, na região.  Uma técnica do HRA também reclama da circulação de pessoas e da situação dramática no hospital. “No momento em que a maioria dos funcionários do hospital estão afastados (sic) acometidos com a Covid, o prefeito libera o comércio, tá muito complicado e todos vivendo um filme de terror, mais oprimido onde não se pode questionar nada, se questiona é remanejado pra outra ala sem apoio de nada, somente muita cobrança”.
 
Entre os médicos, circula uma corrente pedindo orações para os dois médicos que estão internados na UTI do Hospital Dom Orione, após complicações da doença. Há um urologista e um intensivista. O JTO checou que a situação mais grave é do intensivista.  “O que vejo é o descaso. E te digo que o governo não der suporte, após o primeiro óbito de um médico aqui, muitos irão deixar o barco”, afirma outro médico ouvido pelo JTo. 
 
O JTO contatou a Secretaria da Saúde (SES) para saber a relação e quantidade de EPIs fornecidos para o HRA, qual o estoque dos equipamentos no hospital e se há restrição para fornecê-los aos profissionais e aguarda resposta.