Cartão postal e um dos espaços públicos mais frequentados de Palmas, o Parque Cesamar está com superpopulação de capivaras, segundo a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Palmas. Na manhã da última segunda-feira, uma delas, possivelmente vinda do parque, foi flagrada tentando entrar em uma agência bancária, na Avenida JK, no centro da Capital. Como é hospedeira do carrapato estrela, transmissor da febre maculosa, a proliferação pode se tornar um problema de saúde pública.

A supervisora de Fauna do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), a médica veterinária Grasiela Alves Pacheco, explica que um animal fora do seu ambiente natural pode ser perigoso tanto para ele quanto para o ser humano. No caso da capivara, ela esclarece que o animal normalmente não costuma atacar, mas que pode reagir caso alguém tente pegá-la. “A mordida dela é muito forte, capaz de arrancar pedaço”, alerta.

Além de se reproduzir muito e praticamente não ter predador, somente a onça, Grasiela explica que, no caso da superpopulação no parque, o ideal seria fazer o controle populacional através da esterilização dos machos. “A questão só tende a piorar e pode virar um problema se saúde pública. Vários estados estão controlando a população e aqui não será diferente, mas é claro que tem que haver um diagnóstico preciso da situação”.

População

De acordo com a presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente da Capital, Germana Pires Coriolano, o órgão mandaria uma equipe, na tarde de ontem, ao parque para verificar se ocorreu algum fator que tenha feito com que o animal tivesse migrado para a área urbanizada. Conforme Germana, a fundação identificou o excesso populacional da capivara no parque, que atualmente seria de cerca de 100 animais.

A presidente informou que o órgão pretende elaborar um plano de manejo, que prevê um diagnóstico mais aprofundado da situação, para que a medida mais adequada seja tomada. “Teremos que contratar uma equipe técnica especializada que tenha experiência com esse tipo de animal para elaborar um plano de manejo que identifique a melhor forma de tratar o problema, seja através da transferência ou castração dos animais”, disse.

Sacrifício

Questionado pela reportagem sobre uma possível consulta que teria sido feita pela Prefeitura para o controle dos animais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que o município havia solicitado autorização para o controle populacional dos animais por meio da captura e sacrifício através da eutanásia.

“A autorização para realização de manejo de espécies silvestres voltado para o controle populacional deve seguir as disposições da Instrução Normativa nº 141/2006/IBAMA. Para tanto, faz-se necessária a apresentação por parte do requerente de um projeto específico e detalhado, elaborado por profissional habilitado (Biólogo ou Veterinário), no qual deve constar inclusive a destinação pretendida para os espécimes”, diz a nota enviada pelo instituto.

Ainda segundo o Ibama, a Prefeitura deverá priorizar outras alternativas de manejo para a população, sendo a eutanásia a última opção a ser considerada para o caso, visto que o local atualmente ocupado pelos animais constitui uma área de corredor de vegetação natural, que possibilita o livre deslocamento de populações silvestres ao longo das regiões atravessadas pelo Córrego Brejo Comprido. Logo, a retirada total da população atual de capivaras não solucionará o problema, vez que o corredor de mata existente permite a chegada de outras populações.