Interditada parcialmente desde 2011 para veículos pesados, a ponte está fechada, por uma retroescavadeira e a viatura do Batalhão Rodoviário, para o tráfego de veículos. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira, 7, para que engenheiros e técnicos da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto) possam trabalhar no local e fazer uma avaliação da estrutura.

Isolados, os moradores dos distritos e comunidades do município de Porto Nacional são contra a medida que dificulta ainda mais o acesso destas pessoas a serviços que só conseguiam realizar na área urbana, como atendimentos de saúde, bancos e supermercados.

Além desses transtornos, tem gente que depende da cidade para tirar a fonte de renda, como é o caso da pequena produtora rural Creuza Maria da Silveira Silva, 64 anos. Ela teve que atravessar a ponte, de 900 metros, com o peso do leite e dos queijos que vendem em Porto Nacional. “Como que nós vamos sobreviver? Alguém me explica. Eu preciso vender meu leite e os produtos da chácara todos os dias na cidade, mas agora não posso nem imaginar como vamos fazer sem essa ponte funcionando. Não somos culpados das coisas terem chegado a esse ponto. Há muitos anos essa ponte está assim e eles nunca resolveram. Pagamos caro por todos os impostos e eles simplesmente nos tratam como lixos?!”, indignada, questiona a moradora.

O seu vizinho de chácara, o produtor Antônio Pereira da Silva, 64 anos, estava com mais de 30 litros de leite no carro. Preocupado ele olha para os produtos e não tem ideia de como vai fazer para atravessar com a mercadoria na ponte. “Daqui vem o sustento para os meus filhos. Essa é a minha única fonte de renda. O governo não pensou em nenhum momento em quem precisa dessa estrutura para sobreviver. Não temos outro caminho”.

Comunidade

A Comunidade Nova Pinheirópolis existe há mais de 60 anos e fica há 8 km da ponte Rio Tocantins. O local, segundo um dos representantes do movimento desta sexta-feira, 8, o professor Nilton Rodrigues da Cruz, possui mais de 400 famílias e em torno de 1500 pessoas trabalham em Porto Nacional e utilizam a ponte todos os dias para fazer a travessia. “Quase todos os dias eu trânsito para Porto. Nós somos reassentados da barragem, ou seja, já fomos impactados com a construção da barragem em 2001 e agora seremos outra vez atingidos pelo poder público?”.

O professor comenta que é contra as reformas na estrutura, porém, o que eles questionam são as alternativas viáveis para a população em meio a essa interdição na estrutura que liga as duas margens do rio. “Nós somos contra a falta de respeito dos nossos governantes que fazem tudo sem comunicar à sociedade. Sem contar que muita gente vende mercadoria em Porto, como os pequenos agricultores. Além de afetar muito na educação e saúde, porque nós necessitamos desta cidade para sobreviver”.

O vereador Salmon Pugas (PV) esteve no local para apoiar a manifestação. Na ocasião, ele propôs montar uma comissão para discutir com o Departamento de Estradas e Rodagens (Dertins) sobre a cobrança na ponte. “A gente sabe que pelo direito deveria ter sido tudo gratuito, mas não se conseguir, pedimos que pelo menos os ciclistas, motociclistas e pedestres façam a travessia gratuitamente”, acrescenta.