O policial militar Silvestre Silveira de Farias Filho, que estava preso por ter dirigido a viatura que atropelou e matou o adolescente Leandro Rocha da Cunha, de 16 anos, no Jardim Aureny IV, ganhou liberdade e deixou o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar onde estava detido. A soltura ocorreu nesta quinta-feira, 4, por volta das 21 horas. 

Conforme explicou advogado Indiano Soares, responsável pela defesa do soldado, a determinação revoga a prisão temporária realizada após a Justiça ter acatado o pedido do Ministério Público. “Ficou afirmado e comprovado pela defesa, por meio de documentos, que ele havia se apresentado espontaneamente em duas delegacias de polícia, a de trânsito e de homicídio, após o atropelamento”, relatou o advogado. A defesa ainda disse que a apresentação à Polícia Civil (PC) ocorreu no último dia 25, já que nos dias anteriores os militares estavam a serviço pela corporação da Polícia Militar (PM).

Com a decisão do juiz William Trigilio da Silva, da 1ª Vara Criminal de Palmas, que a TV Anhanguera teve acesso, agora que está solto o militar precisa obedecer a medidas cautelares, como a proibição de se aproximar do local do atropelamento, ele ainda, não pode se comunicar com testemunhas do fato, nem com parentes e amigos da vítima. O policial também não pode ter contato com servidores da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O soldado também teve o exercício de função pública parcialmente suspenso "a fim de se evitar novas ocorrências de fatos semelhantes".

O Jornal do Tocantins entrou em contato com a PM e a PC para comentarem a soltura, mas nenhuma das assessorias quis comentar o caso.

Próximos passos

Conforme Indiano Soares ainda, agora a defesa aguarda a conclusão do inquérito policial. “Os militares não agiram com dolo, de querer matar alguém. Estamos cientes que a investigação vai provar que foi uma fatalidade, que não houve crime dos militares. Não houve a conduta de querer algo contra o rapaz. Os militares se solidarizam com o falecimento. Eles estão, inclusive, abalados com o caso”, relata.

Caso

Silvestre estava preso temporariamente no Quartel do Comando da PM desde o último dia 27, após um pedido da Polícia Civil. Ele é suspeito de homicídio doloso qualificado. Na data da prisão, houve certa tensão entre as duas forças policiais, como apontou um vídeo que mostraria o tenente-coronel Francinaldo Machado Bó discutindo com o delegado responsável pelo caso, Guido Camilo.

A detenção ocorreu também após a divulgação de um laudo da perícia realizada no dia 20 de março, mesmo dia do acidente, no local em que o adolescente morreu após ser atropelado. O resultado da análise aponta que a viatura teria se movimentado após colidir com o jovem e que, inclusive, não é descartada a hipótese de que o veículo tenha passado por cima da bicicleta em que estava o rapaz após a colisão, devido às deformidades identificadas. A perícia ainda aponta que a caminhonete acertou a traseira da bicicleta conduzida pelo jovem, “muito provavelmente em perseguição”.