O delegado Romeu Fernandes afirmou ontem em entrevista ao Jornal do Tocantins que o inquérito policial que investiga o escândalo do lixo hospitalar tem elementos suficientes para comprovar que a família Olinto tem ligação direta com a empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora Ltda, contratada pela Secretaria de Estado da Saúde para o recolhimento de lixo hospitalar de diversas unidades hospitalares e que estava sendo armazenado irregularmente em um galpão no Distrito Agroindustrial (Daiara) de Araguaína, Norte do Estado. O inquérito do caso deve ser entregue até a próxima terça-feira.

O advogado e ex-juiz eleitoral João Olinto Garcia Oliveira, pai do deputado Olyntho Neto (PSDB), é investigado sob a suspeita de ter ligação com a empresa. Além de João Olinto, seu filho, Luiz Olinto, também está preso suspeito de envolvimento com o caso desde o último domingo.

Entre os documentos que alimentam o inquérito, sucessivas alterações contratuais mostram que a empresa já teve João Olinto como sócio. Já seu filho Rodolfo Olinto, antes de mudar para Ludmila Andrade e Waldireny Martins. Roldolfo, aliás, na condição de sócio da Sancil em 2017, recebeu em contrato de comodato firmado com o irmão Luiz Olinto a cessão de dois lotes (720m² totais) na rua Tapajós, em Araguaína pelo prazo de 60 anos. Em outro contrato, a Sancil alugou por R$ 400/mês o galpão da Agromaster com validade até 31 de maio de 2019.

Waldireny e Ludmilla tiveram habeas corpus concedidos na semana passada, pelo desembargador Moura Filho. A elas são atribuídas a administração e o gerenciamento do contrato entre a Sancil e o Estado.

Conforme Fernandes, é evidente que as duas mulheres eram apenas “laranjas” no esquema, tendo em vista o baixo poder aquisitivo de ambas. “Ludmilla ainda tentou sustentar a versão, mesmo que tenha ficado calada, de que era a dona da empresa. No entanto, ao ser questionada sobre os valores que a empresa faturava, ela não soube mencionar”, disse o delegado, afirmando que as mulheres já atuaram em um escritório de advocacia da família. O delegado ainda expôs que Waldireny afirmou que era apenas uma funcionária da empresa, cuidando apenas da parte contábil. Perguntado sobre a participação do deputado Olyntho Neto no escândalo, o delegado Fernandes disse que não há nada concreto sobre sua atuação no esquema. A defesa não quis comentar o caso.

Habeas Corpus

A defesa de João Olinto impetrou pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça (TJ-TO) ontem. O pedido tramita sob segredo de Justiça. A diretoria Judiciária do TJ-TO confirmou que o processo foi distribuído, por prevenção, para o gabinete do desembargador Moura Filho. Não há decisão ainda sobre o processo e nem prazo para tal.

João Olinto se entregou ao juiz Luiz Otávio Fraz na noite de terça-feira, em razão de um mandado de prisão expedido no último dia 12, pela 1ª Vara Criminal de Araguaína, após a Operação Expurgo, da Polícia Civil, revelar o escândalo do lixo hospitalar. Ele está encarcerado no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, local em que o seu filho Luiz Olinto está, ambos pela condição de serem de advogados. Conforme Fernandes, Luiz Olinto será recambiado para Araguaína ainda nesta semana para prestar depoimento e João Olinto será ouvido em Palmas até sexta-feira, pois o prazo para conclusão do inquérito se aproxima.