O Tribunal do Júri Popular decidiu pela condenação dos dois policiais e outros dois homens suspeitos de integrar um grupo de extermínio em Colinas do Tocantins, a 262 km da Capital. O julgamento, que começou na última segunda-feira, 17, terminou na madrugada desta quarta-feira, 19, por volta da 00h45 e imputou pena de 15 e 29 anos para os acusados.

Em duas sessões, na segunda e na terça-feira, 18, os policiais militares, na época dos crimes, Francisco Duarte e Gildevan das Neves foram condenados por tentativa de homicídio e lesão corporal grave. Os outros dois suspeitos de formar o grupo, os auxiliares de serviços gerais Deusiran Silva e Luciano Gomes Santos Almeida, conhecido como Dada, apresentaram suas defesas e foram acusados de tentar matar um adolescente que era suspeito de assaltar um estabelecimento e o irmão dele como forma de vingança.

De acordo com o Fórum da Comarca de Colinas, as penas somam quase 100 anos de prisão. A maior delas foi imputada a Almeida, que teria recebido para matar os adolescentes. Ele foi condenado a29 anos e quatro meses de prisão. Já o seu comparsa, Deusiran Silva pegou 27 anos, dois meses e 20 dias. 

Já o policial Neves foi condenado a 27 anos, cinco meses e dez dias de prisão e o militar Almeida terá que cumprir pena de 15 anos, sete meses e quinze dias. Todo o grupo teve pena determinada inicialmente em regime fechado.

Entenda

Na época em que o caso veio à tona, em meados de setembro de 2016, o delegado responsável pelas investigações, Joelberth Nunes, havia ressaltado que “o Neves (Cabo da PM) possuía uma empresa de segurança e tinha conhecimento dos delitos praticados em comércios e chácaras da região. Eles procuravam os empresários e, de maneira articulada, ofereciam o serviço de matar os autores dos crimes”.

O inquérito apresentado pela Polícia Civil aponta que o dono de um comércio tenha pagado R$ 6 mil ao grupo para matar um menor de idade suspeito de ter assaltado seu estabelecimento. Em depoimento ainda no ano de 2016, Almeida disse que recebeu R$ 500 de Neves para atirar contra o adolescente, que ficou internado no Hospital Regional de Araguaína. Como vingança, os policiais mandaram matar o irmão do então menor. Thalys Alves recebeu cinco tiros, sendo que quatro foram na cabeça. O crime aconteceu em março de 2016. O jovem não morreu, mas ficou tetraplégico.

Esse caso desencadeou as investigações que levaram à prisão dos possíveis envolvidos em milícia de extermínio em junho de 2016. Em 2017, os PMs foram excluídos da Corporação.

Jornal do Tocantins tentou contato com a defesa de Neves, mas as ligações não foram atendidas.