O pico da contaminação da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, deve ocorre de maio a julho, segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Ele disse que cada região atingirá o ápice de infecções em determinado momento.

O Brasil registrou 6.935 novos casos de coronavírus no Brasil em 24 horas, segundo informou o Ministério da Saúde nesta terça-feira (5). Isso equivale a um aumento nominal de 302 sobre o dia anterior, quando foram registrados 6.633 novos diagnósticos.

Governadores, prefeitos, secretários de Saúde e autoridades do Ministério da Saúde têm se reunido nos últimos dias para discutir as melhores medidas de combate à pandemia. O secretário disse que serão apresentadas as diretrizes nesta quarta-feira (6).

O projeto vai ser uma espécie de plano nacional heterogêneo de combate à pandemia. Ou seja, terá medidas diferenciadas para cada Estado e município.

Ele declarou que não é possível determinar o pico exato da covid-19 no país, uma vez que a contaminação ocorre de maneiras diferentes em cada Estado e município. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Amazonas são os Estados com maior grau de contaminação.

Wanderson de Oliveira destacou que as mortes têm registros defasados e que não ocorreram necessariamente nas últimas 24 horas. Nos dados divulgados nesta terça-feira (5), por exemplo, houve 600 novos registros de óbitos, sendo que 25 foram hoje e 51 de ontem para hoje.

“Quando nós avaliamos o número de óbito, é uma conclusão de duas, três semanas atrás. A situação no Amazonas, Ceará e Pernambuco seguem uma tendência de padrão muito similar, de doenças respiratórias nessas regiões. São Paulo e Rio já apresentam padrões mais distintos. Não posso dizer quando seria o pico da pandemia”, afirmou.

“Ainda não dá pra dizer quando chegaria o pico da crise. O isolamento social reduz a curva de casos. Ainda não sabemos em que data exata isso ocorrerá. O que posso dizer é que será entre maio, junho e julho, não tenho duvida”, disse o secretário.

TESTES DE COVID-19

O secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson de Oliveira, disse que há, pelo menos, 100 mil testes ainda com análises pendentes no Brasil. E que não é possível concluir quantos deram positivo para a covid-19.

“É verdade que ainda não temos dados de todos os laboratórios privados. Os da rede Sabin, de Brasília, estão alimentando a base nacional. Mas isso não acontece com todos, e nós sabemos que pelo menos as grandes redes têm mais de 100 mil exames que não entraram no sistema e quantos são positivos”, declarou.

Ele disse ainda que a responsabilidade é da “instituição e não do Ministério”.

O governo federal comprou 46 milhões de testes. O que representa 22% da população. Do total, 24.647.768 já foram adquiridos ou recebidos pelos autorizados a fazer a testagem.

“Nós já distribuímos só de RT-PCR 1.638.816 reações para fazer. Isso da 6% do total, de 24 milhões“, afirmou.

Se o Brasil fizer 24,6 milhões de testes, 12% da população teria sido avaliada.

“É muito maior do que muitos países estão fazendo e esse processo está se aprimorando por orientação do ministro Nelson [Teich]”, disse o secretário.

Dos 22 milhões de testes rápidos, da ponta do dedo, foram distribuídos 15,8% do total, o equivalente a 3.478.560 reações.

DESCONHECIMENTO SOBRE A COVID-19

De acordo com o secretário, das 96.000 hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave, 58% das pessoas têm menos de 60 anos. Considerando a covid-19, 54% dos casos são de pessoas com idade menor do que esta faixa etária.

O dado demonstra que a doença não se agrava para para idosos, como foi posto num 1º momento. Considerando os óbitos, 69% das pessoas tinham mais de 60 anos.

Wanderson de Oliveira afirmou que, a medida que os testes foram disponibilizar, o conhecimento sobre a doença tem aumentado, mas ainda são necessários estudos para contornar os malefícios da covid-19.

O secretário disse que num estudo de 16 de março deste ano, o centro de controle da doença dos Estados Unidos mostrou que, das 508 vítimas hospitalizadas, 38% tinham entre 20 e 54 anos.

“As autoridades da Europa estão observando agora que metade dos casos graves na França e na Holanda são em pessoas com mais de 60 anos. Os jovens também podem ser afetados. Eles devem tomar precauções que estamos alertando, como lavar as mãos, usar as máscaras e usar as medidas de etiqueta respiratória”, afirmou o secretário.

Ele ainda disse que não há “nenhuma verdade absoluta” sobre a covid-19.

SECRETÁRIO FICA NA PASTA

Apesar da quase demissão do secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson de Oliveira, ele continuará na pasta. Segundo ele, o ministro Nelson Teich pediu para que ele continuasse no governo para implementar medidas de combate à covid-19.

Wanderson de Oliveira atuou como braço direito do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que foi exonerado do cargo depois de desentendimentos na política de isolamento social com o presidente Jair Bolsonaro.