Na quarta operação da Polícia Federal contra o governo de Mauro Carlesse (DEM) desde que o ex-deputado estadual assumiu o Executivo em 2018, a PF e a Controladoria Geral da União (CGU) estão cumprindo 6 mandados de buscas e apreensão nesta sexta-feira, 18, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Palmas e São Paulo na Operação “Cama de Tut”. Segundo comunicado da PF, a ação apura supostos ilícitos na compra de 590 camas hospitalares pelo Governo estadual. 
 
Em maio, o JTo revelou com exclusividade a compra dessas camas ao custo de R$ 13,3 milhões, após examinar o processo de compra dessas camas, que teve a participação de diversas empresas, mas saiu como vencedora a importadora Linet, de São Paulo (SP), existente desde 2012. A original é uma marca europeia. A empresa foi a escolhida para 531 camas ao custo unitário de R$ 22.600,00 e depois chamada a assumir a cota para pequenas empresas de mais 39 camas, pelo mesmo valor, fechando o total de R$ 13.334.000,00. O JTo também mostrou que as camas substituídas estão abandonadas ao relento em um imóvel pertencente ao governo estadual.
 
Os investigados não tiveram os nomes revelados no comunicado da PF. Apenas aponta que são "suspeitos de fraudar o processo licitatório conduzido pela Secretaria Estadual de Saúde e alienar os leitos com valores cerca de 227% superiores aos praticados pelo mercado e pela própria empresa que venceu o certame, conforme apurado pelos investigadores, pelo Tribunal de Contas da União-TCU e pela Controladoria Geral da União-GCU."
 
São 30 Policiais Federais que buscam novas provas e verificar se houve a entrega das camas e investigam se houve pagamento de supostas propinas. "O potencial de superfaturamento apontado pelos órgãos de controle seria de mais de R$ 7 milhões de reais".
 
Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude a licitação e peculato, cujas penas somadas podem chegar a 16 anos de reclusão.
A operação “Cama de Tut” é uma referência ao luxuoso leito do faraó Tutancâmon, uma vez que as injustificadas especificações do certame limitaram o processo aquisitivo a apenas um modelo de cama hospitalar, tida como uma das mais requintadas do mercado.
 

As operações contra o governo Carlesse

Junho de 2018
Operação deflagrada pela PF no dia 14 de junho cumpre mandados no âmbito de supostas irregularidades na liberação de emendas parlamentares por parte do governador interino Mauro Carlesse. As apreensões embasaram ação que pede a cassação dele, em recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após ser rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE)
 
Março de 2020
A Polícia Federal realizou buscas e apreensões na manhã de 17 de março na Operação Assombro, que investiga a presença de possíveis funcionários fantasmas no Governo do Estado. Os investigados são suspeitos de atuarem nas contratações para desviar dinheiro. 
 
Junho de 2020
A Polícia Federal deflagrou no dia 3 de junho a Operação Personale para apurar suposto superfaturamento em dois contratos de compras de máscara de proteção facial firmados pela Secretaria de Saúde do Tocantins.
 

Nota de esclarecimento

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que está à disposição dos órgãos de controle para todos os esclarecimentos a respeito do processo de aquisição das camas elétricas, as quais foram licitadas e adquiridas por valor inferior à média nacional do Banco de Preço, base mais confiável de consulta disponível no mercado.

A SES informa que a compra dos mobiliários era uma necessidade, pois há décadas não havia grandes investimentos nesta área. A substituição das camas beneficiou a população tocantinense, que necessita do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como os trabalhadores da saúde, que precisam lidar com a locomoção de pacientes.

A SES destaca que zela pelo erário público e, sempre que necessário, aciona espontaneamente os órgãos de controle para investigar os possíveis abusos e superfaturamentos que muitas empresas tentam impor na oferta de alguns produtos. Fato semelhante ocorreu em abril deste ano, na compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para o combate à pandemia, decorrente da Covid-19.

Por fim, a SES reforça que as novas camas tem a qualidade necessária para a demanda existente nas unidades hospitalares. Demonstram-se duradouras e sem a necessidade de substituição imediata. Além disso,  possuem garantia de um ano, período no qual a empresa vencedora da licitação realizará manutenção sem custo adicional.