Um dos estudos que vinha sendo conduzido com a cloroquina em Manaus – suspenso por aumento de risco de complicações cardíacas – virou alvo em redes bolsonaristas, com os cientistas sendo chamados de irresponsáveis e acusados de usarem “cobaias humanas”.

O CloroCovid-19, com 70 pesquisadores de instituições renomadas como Fiocruz, Universidade do Estado do Amazonas e da USP, havia sido autorizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Consistia em testar, em pacientes com suspeita de covid com quadro de síndrome aguda respiratória grave (SRAG), duas possibilidades de cloroquina: uma baixa e uma mais alta. A baixa é a mesma que foi recomendada pelo Ministério da Saúde para casos graves e a alta foi a usada em pacientes chineses.

Com alguns dias de trabalho, observou-se a morte de 11 pacientes e a dose alta foi suspensa. Nas redes sociais, publicações davam a entender que o problema teria ocorrida por causa da dose mais alta aplicada.

Em nota, o líder do estudo, o infectologista Marcus Lacerda, explicou que todo o procedimento foi aprovado pelos comitês de ética e que, dos 11 mortos, havia pessoas dos dois grupos: dose baixa e o de alta. A maioria também era de idosos e todos tinham quadro muito grave da doença, vindo a morrer por causa das complicações da covid-19. Ainda é cedo, disse, para falar que a dose baixa é segura.