A presidente da Associação de Mulheres Policiais do Tocantins (AMPTO) e agente de Policia Civil, Giovanna Cavalcanti Nazareno, divulgou ontem, em coletiva de imprensa realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Tocantins (OAB-TO), em Palmas, dados de uma pesquisa feita pela Associação, os quais revelam vários casos de assedio moral e sexual à membros do Corpo de Bombeiros Militar do Estado. A pesquisa foi realizada no início de outubro, mas segundo a autora, o levantamento teve que ser interrompido antes do final devido a pressões internas da Corporação para que os entrevistados não respondessem aos questionamentos.

Conforme o levantamento, de um total de 183 bombeiros da corporação ouvidos na pesquisa, 11,5% revelaram ter sido assediadas sexualmente no ambiente de trabalho. Desse total, 57% sãos mulheres. Os dados revelam também que 62,3% dos entrevistados já sofreram assédio moral dentro do ambiente de trabalho. Neste mesmo quesito, um total de 37,7% disseram nunca ter sido assediados moralmente dentro da corporação.

Quando questionados pela pesquisa, se considera assédio moral a ação de um superior hierárquico ou colega, fazer ameaça de exoneração ou prisão administrativa, 85,8% das entrevistados responderam que sim e apenas 8,7% responderam que não consideram a ação uma foram de assediar moralmente.

Os bombeiros militares também foram questionadas sobre seu estado de saúde e se fazem algum tipo de tratamento com uso de medicação continua. Dos 183 militares pesquisadas, um total de 30,6% afirmaram que sim e 69,4% disseram não.

Para autora da pesquisa, Giovanna Cavalcanti Nazareno, os números mostram que a polícia pede socorro. “O ambiente de trabalho precisa ser equilibrado, precisamos sair de casa para um ambiente de trabalho onde haja equilíbrio. Faltam políticas públicas de proteção à esses servidores. Nós temos condições de garantir segurança à sociedade, mas também precisamos de segurança no nosso ambiente de trabalho”, critica.

Questionada sobre os casos mais comuns revelados na pesquisa, Giovanna disse que “são vários os tipos de assédio, desde o uso de armamentos inferiores ao dos demais colegas da mesma equipe, o impedimento de participar de diligências, isolamento, não ser escalada para participar de viagens que terão diárias pagas ou até mesmo na execução de tarefas dentro da corporação como limpeza e a permanência no trabalho até mais tarde”, disse.

Orientações

Também presente na coletiva de imprensa, o advogado, Robson Tibúrcio falou sobre a serem tomadas pelas vítimas. De acordo com ele, “a hierarquia e a disciplina são bases da administração militar, de igual modo, a própria legalidade, então todas as vezes que ocorrer o excesso, a vítima pode buscar as corregedorias e os órgãos de controle externo como o Ministério Público Militar”, pontua o advogado ressaltando que “a comprovação do assédio deve ser feito através de denúncias aos órgão responsáveis que tomarão as devidas providencias”.

Seminário

Para dar continuidade aos debates sobre o tema, a Federação das Associações de Praças Militares do Estado do Tocantins (Faspra-TO) e Associação de Mulheres Policiais do Tocantins (AMPTO) realizaram ainda noite de ontem, em Palmas, o I  seminário <TB>sobre a Saúde dos profissionais de segurança do Tocantins. O evento que contou com as palestras do psicólogo, Joeuder Lima, do médico psiquiatra, Carlos Prestes e do advogado, Robson Tiburcio,  tratou sobre abordagem médica, psicológica e jurídica.

Corporação

Presentes no local com a intenção de ter acesso aos dados da pesquisa, o Tenente Coronel, Filho e mais dois membros da Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, chegaram a entrar na sala da coletiva de imprensa, mas foram retirados pela assessoria de comunicação do evento, com a alegação a presença do Corpo de Bombeiros não seria permitida.

Ao Jornal do Tocantins, o Coronel disse que “em outubro o comando foi solicitado para que a pesquisa ocorresse , na ocasião, solicitou da associação que nos passasse os dados como metodologia, período e o objetivo, mas até hoje isso não foi respondido, por isso estamos aqui com o objetivo saber do resultado, pois ela também é de interesse nosso”, disse.

Em relação ao constrangimento de não poder participar da coletiva, o Coronel relatou que: “É estranho para nós, porque somos a instituição que mais temos interesse em saber como está o nosso público, se nós fomos estudados, pesquisados, também somos parte integrante, então agente precisa ter acesso as esses dados até para nos posicionarmos, mas infelizmente ao chegarmos aqui, fomos retirados da sala e nos proibiram de participar”, pontuou.

Questionado sobre os casos de assédios moral e sexual revelados na pesquisa, o Coronel disse que “o comando do Corpo de Bombeiros está o tempo todo aberto as reivindicações da classe, temos a ouvidoria do Estado, temos o Ministério Público Militar e nós temos a Corregedoria da instituição, além dos serviços de saúde destinados ao atendimento do nosso público, o comando está disponível para ajudar e atender todas as demandas dos nossos militares”, afirma o Coronel ressaltando que “o comando pesquisou na ouvidoria, no MP e na Corregedoria e não ha registro de casos dessa natureza.