Após ter um artigo acadêmico aceito em nove congressos em diversos países, estudante de Física no Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Osvaldo Bezerra Silva Júnior, contou ao Jornal do Tocantins que só começou a fazer faculdade na área devido às aulas diferentes e motivadoras no ensino médio de um professor nada convencional.

“Eu sempre pensei em fazer algo nas áreas de biológicas, mas no segundo ano comecei a pegar aula com meu professor de física e ele era tão apaixonado pelo que ensinava, amava mesmo a física, motivava a gente a fazer os exercícios, dava aulas diferentes que eu comecei a me interessar muito pela área”, explica o jovem.

Esse professor que marcou a vida de Júnior é o Michael Monteiro Matos, servidor efetivo do Estado que atuava na Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto e atualmente mora em Fortaleza (CE).

Por telefone, o profissional disse que sente muito orgulho por ser inspiração para um de seus alunos que hoje está se destacando como acadêmico de física em congressos internacionais. ‘Não sei como descrever, eu sinto um grande orgulho porque é algo que eu também sempre quis, mas nunca fui orientado por um professor, então quando vi que ele tinha interesse, eu dei todo o apoio e o incentivei. Eu estou me sentindo realizado por ele, foi pra Suíça, ganhou prêmio, tem muito potencial mesmo”, afirmou.

Matos ressaltou que na época que dava aula para Júnior, quase desistiu de ser professor, mas teve incentivo para continuar na dedicação do jovem e outros colegas. “Eu tinha passado no mestrado em outro estado e o Governo não tinha me liberado para ir por falta de substituto, então eu quis fazer outra graduação, desistir de ser professor mesmo. Na época, ele dizia que queria fazer física e eu dava o maior apoio para ele, junto com outros colegas que destacaram em uma Olimpíada de Astronomia e todas essas conquistas me incentivaram a continuar, porque vi que estava ajudando a mudar a vida deles”, destacou o servidor.

Segundo Matos, suas aulas sempre foram o lugar para mostrar aos alunos que a Física podia ser legal e que faz parte da vida cotidiana. “Nas minhas aulas eu sempre tento mostrar que a física está no todo, até no celular e andando, devido a gravidade. Além disso, eu levo a forma que se pode trabalhar com a área, física pode ajudar na medicina, na engenharia, em diversas coisas”, explicou, lembrando do seu projeto Astro Fred, onde os alunos participam voluntariamente para desenvolver e divulgar a astronomia nas escolas. 

Para Matos, muitos ainda precisam quebrar o preconceito com o ensino público. “Muita gente tem preconceito e acha que quem estuda em escola pública não tem vez, e está aí o Osvaldo para provar o contrário, assim como outros alunos meus que tem conquistado muitas coisas, é preciso se dedicar e com professores que gostem do que fazem, é possível crescer”, completou.

O professor disse que, além do apoio para incentivar os alunos a buscarem mais acreditarem em si, a família é essencial para alcançar o sucesso. “O fato de ele chegar onde ele está e ter o que tem é muito devido a família, os pais estarem apoiando e sempre priorizando a educação dos filhos e que eles podem chegar mais longe”, frisou.

Para a mãe do estudante e também professora, Domingas Melgaço, o trabalho de ensinar realmente tem o papel de mudar vidas. “Hoje sou muito grata por ter meus dois filhos estudando para serem professores, o Michael ajudou muito meu filho e, por causa da paixão dele, hoje Osvaldo está tendo oportunidade de se destacar na sua área. O professor precisa ser mais valorizado”, afirmou.