Atualizada às 11:32

Mandados de prisão preventiva e busca e apreensão são cumpridos em três cidades do Tocantins na manhã desta quarta-feira, 12, com a operação Dolos para desarticular uma organização criminosa, inclusive servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-TO) que estariam envolvidos na emissão de documentos aparentemente legais para carros roubados e furtados. Ao todo, há sete mandados de prisão e 12 de busca em Araguaína, Tocantinópolis e Wanderlândia.

A operação é realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Tocantins (Gaeco/MPE-TO), com apoio de policiais militares e civis. Entre as prisões, há também empresários de emplacamento de veículos e despachantes. A maioria (5) é cumprida em Araguaína, além de uma em Tocantinópolis e outra em Wanderlândia.

Além das prisões e buscas, a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos e os policiais também visam juntar novas provas da atuação dessa organização.

Dos sete mandados de prisão, seis já foram cumpridos nesta quarta e dez de busca e apreensão. "Estima que esse grupo tenha emplacado de forma irregular 200 veículo roubados de outros Estados aqui no Tocantins, emplacados com uso de documentos falsos", relata o delegado Rossilio Correia.

Esquema

Segundo o Gaeco/MPE-TO, a organização seria especializada em legalizar documentos de veículos roubados ou furtados em território nacional. Para isso, os envolvidos abriam processo de primeiro emplacamento no Detran-TO, utilizando-se de chassi clonado, notas fiscais falsificadas e dados pessoais de vítimas que eram cadastradas como proprietárias desses automóveis. Já os servidores do Departamento de Trânsito atuavam auditando os processos e emitindo o Certificado de Registro de Veículo (CRV).

Os suspeitos clonavam o chassi de carros novos com características idênticas ao do veículo roubado, alguns ainda na concessionária. Pelas investigações, os veículos nem chegariam a passar pelo Tocantins, já que não é necessária vistoria para o emplacamento de automóveis novos.  

Após o processo de emplacamento, as placas e os lacres eram enviados do Tocantins para os estados onde os veículos estavam para ser emplacá-los definitivamente. Depois de “esquentados”, os automóveis poderiam ser revendidos a terceiros.

O Gaeco/MPE-TO investiga o caso desde 2019 com a instauração de um Procedimento Investigativo Criminal. Desde então, as apurações envolveram interceptações telefônicas e a quebra do sigilo do IP de computadores, autorizadas pela Justiça. Segundo o Ministério, a administração do Detran-TO também contribuiu com o andamento das investigações.

Nome

Dolos remete à mitologia grega e faz referência a fraude, engano, astúcia e artimanha.

Detran

Em nota, o Departamento de Trânsito do Tocantins (Detran)  informou que  a direção do órgão contribuiu com as investigações com já havia sido informado pelo  Gaeco/MPTO. O Departamento “continua à disposição para mais informações e que não compactua com atividades ilícitas desenvolvidas seja por servidores ou empresários e despachantes que trabalham junto ao órgão”, diz. Após o fim das investigações e caso alguma participação de servidor seja comprovada, o Detran tomará as medidas administrativas cabíveis.