O estado de Mato Grosso do Sul registrou mais de 150 casos e duas mortes por Covid-19 entre indígenas na última semana, segundo boletim do Distrito Sanitário Especial Indígena no estado. O quadro já é considerado um surto e atingiu aldeias que há dois meses não tinham nenhum infectado pelo novo coronavírus.

Com 89 casos e um óbito, a cidade de Dourados lidera o ranking de infectados e de internados em UTI, com quatro pessoas. O município é também o que concentra a maior população aldeada do estado.

Em todo Mato Grosso do Sul, há ao menos cinco indígenas internados em leitos clínicos, além de seis em UTI.

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul atribui o surto à volta das aulas presenciais e ao retardo na imunização de adolescentes indígenas, iniciada com cerca de um mês de diferença em relação à vacinação de adolescentes não indígenas —até então, não havia permissão por parte do Ministério da Saúde. Por ora, as aulas nas comunidades que registraram casos estão suspensas.

"Nosso objetivo é erradicar esse surto e trabalhar para que ele não vá para outras regiões do estado e comunidades, para que a gente não tenha um descontrole", afirma o secretário de Saúde, Geraldo Resende, que destaca que o estado é um dos que mais vacinaram nos últimos meses.

Há, ainda, o temor de que o vírus chegue às comunidades do Pantanal, que registraram um índice de letalidade maior no decorrer da pandemia.

Uma outra hipótese levantada por técnicos da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul para o surto é o fato de muitos indígenas terem tomado a segunda dose da vacina contra a Covid-19 há mais de oito meses, o que poderia reduzir a resposta imune ao vírus.

A pasta solicitou à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde o fornecimento de testes para a Covid-19 em grande quantidade, além do envio de profissionais especializados que possam atuar na região.

"Precisamos fazer o maior número possível [de testes], rastrear os casos e todos os seus contatos para evitar um quadro que possa se transformar numa tragédia", afirma Resende.

A pasta também reivindica a liberação da doses de reforço para toda a comunidade indígena de Mato Grosso do Sul acima dos 18 anos.