O Brasil registrou 124 assassinatos de travestis e transexuais em 2019. O número é abaixo do contabilizado em 2018, quando houve 163 crimes dessa natureza.

Os números constam de levantamento divulgado nesta quarta-feira (29) pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Eis a íntegra do estudo.

Apesar da queda de 2018 a 2019, o atual registro de mortes de travestis e transsexuais representa aumento de 114% em relação a 2008, ano em que a Antra computou a menor quantidade de casos (58).

Os levantamentos anuais da associação atestam que o país registrou, em média, 118,2 assassinatos de travestis e transsexuais por ano desde 2008. Significa uma vítima a cada três dias.

Com essa média, o Brasil segue sendo o país que mais mata travestis e transsexuais no mundo, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe. O Brasil lidera o ranking desde 2008.

O dossiê divulgado pela Antra traz críticas à atual administração federal. Em trecho do documento, destaca que “nenhuma ação foi tomada pelo governo brasileiro em relação à LGBTIfobia”.

Por outro lado, os autores do levantamento destacam como positiva uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Em 13 de junho de 2019, a Corte decidiu criminalizar a homofobia e a transfobia. O plenário, à época, concordou que o crime seja tipificado da mesma maneira que o racismo. Foram necessárias 6 sessões para concluir o julgamento.

DADOS POR ESTADO
O número de assassinatos em São Paulo saltou 66,7% em um ano, chegando a 21 casos em 2019. Atrás dos paulistas no ranking de número absoluto de assassinatos por unidade da Federação aparecem Ceará (11 casos) e Bahia e Pernambuco (8 casos cada).

No ranking por região, a maior concentração dos assassinatos foi verificada no Nordeste, que teve 45 assassinatos (37% dos casos) ao longo do ano passado. Eis os dados:

Nordeste – 45 assassinatos;
Sudeste – 37 assassinatos;
Sul – 14 assassinatos;
Norte – 14 assassinatos;
Centro-Oeste – 12 assassinatos.

COMO MORRERAM?
Dos 124 assassinatos notificados em 2019, em 13 não há informações sobre o tipo de ferramenta/meio utilizado para cometer o assassinato. Dos demais casos observados, 43% foram cometidos por armas de fogo; 28% por arma branca; e 15% por espancamento, asfixia e/ou estrangulamento.

As mais jovens trans assassinadas no ano passado tinham apenas 15 anos. Foram três vítimas nessa idade. Duas delas foram apedrejadas até a morte.

Do total de vítimas, 90% trabalhavam com prostituição. Outras 6% tinham emprego formal e 4%, informal. 80% das vítimas eram pretas ou pardas; 17% eram brancas e 1% não se tem informação.

Apenas 8% dos casos ocorridos no ano passado tiveram os suspeitos identificados. Pessoas trans do gênero feminino representam 98% das vítimas.