Por necessidade, o eletricista Itaéres Pereira de Sousa, morador do Jardim Taquari, precisou sair de moto para o trabalho, por volta das 8 horas do dia 30 de março deste ano. Quando chegou em um cruzamento na Avenida Theotônio Segurado, na altura da Quadra 902 sul, onde não tem semáforo, um carro atravessou seu caminho. Em Palmas, é a terceira vez que acontece o Movimento Maio Amarelo e o foco deste ano é ao motociclista, já que eles representam 66% das vítimas no trânsito da Capital.

“O carro não parou e eu também não tive tempo de parar, estava a 70 km por hora. Bati no carro e saí voando. Quando caí, não perdi os sentidos. Bati a perna em cima do meio fio e quebrou”, lembra Itaéres. Ele quebrou a perna, machucou o joelho e o pé e ainda está se recuperando da cirurgia que precisou fazer, usando muletas e bota ortopédica. Por sorte, o acidente não foi fatal.

Itaéres diz se surpreender com os motociclistas palmenses. “É terrível, ainda mais que existem motociclistas que parecem que são suicidas. Tem que ter cuidado e tem gente que anda dessa forma”, diz, ressaltando que costuma usar só capacete e que em Palmas as pessoas não costumam usar outros equipamentos.

E esse é um dos erros que os motociclistas cometem ao andar de moto. De acordo com Moisés Valadares, agente de trânsito e coordenador da comissão de educação no trânsito do Projeto Vida no Trânsito, que promove ações de conscientização aos usuários do trânsito em geral, as pessoas usam capacete, mas ainda existe a má utilização dos equipamentos obrigatórios. “Usa-se muito pouco a luva, calça e vemos muitas pessoas de chinelo. Também percebemos até a má utilização do capacete, e uma queda pequena pode se tornar fatal”, alerta.

De acordo com dados levantados pela Secretaria Municipal de Acessibilidade, Mobilidade, Trânsito e Transporte (SMAMTT), até o terceiro trimestre de 2015, a maior parte dos acidentes com vítimas graves e fatais envolveu motociclistas.

Álcool

Para Zuilton Chagas, coordenador de dados do projeto, o que se percebe na conduta que leva ao acidente do motociclista é o uso de álcool, causando a perda de controle da motocicleta, responsável por 23% dos acidentes. “Além disso, muitos também não respeitam a sinalização, além do excesso de velocidade”, explica. O desrespeito corresponde a 17% dos acidentes com vítimas graves ou fatais.

Além do uso de álcool e desrespeito à sinalização das vias, atitudes como não manter distância entre veículos e a falta de habilitação estão entre os principais motivos para causas de acidentes, com 17% e 15%, respectivamente. O acidente que Itaéres sofreu no mês de março se enquadra como entrada inopinada, quando um veículo entra de uma vez na via, responsável por 4% das estatísticas.

“O condutor do veículo tem que prestar mais atenção e o motociclista precisa dirigir defensivamente, tem que antecipar uma situação”, orienta Chagas. Os acidentes com vítimas fatais e graves são mais frequentes com jovens entre 18 e 30 anos.