Moradores do Setor Santa Fé, região sul de Palmas, reclamam que a pavimentação na região, iniciada pela Prefeitura de Palmas, está incompleta e encontra-se parada. O resultado é a poeira nos dias quentes, que causam problemas respiratórios em alguns, lama e buracos no período chuvoso, que já causaram acidentes em outros.

O asfalto chegou apenas dentro da quadra, entretanto, as principais vias que dão acesso ao Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz, Unidade de Saúde da Família (USF) e atrás da Escola de Tempo Integral(ETI) Caroline Campelo, não tem asfalto.

Para os moradores parece ter acabado o dinheiro. Eles apontam que o investimento da obra faz parte dos R$ 16 milhões financiados pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). No dia 7 de junho deste ano, a Prefeitura de Palmas divulgou o início da pavimentação no setor. A prefeitura nega que a obra esteja paralisada mas não informou quando será finalizada. (Confira a nota no fim da matéria).

A residência da dona de casa Rafaela Macieira, está localizada na rua T20. Ela explica que dentro da quadra o asfalto chegou e confirma que as principais ruas estão sem.

“A rua T20, Avenida Raimundo Galvão e Avenida São João: por que não asfaltaram se são as principais que dão acesso às que estão pavimentadas dentro da quadra? Porque o asfalto das vias principais é o usinado, mais caro em relação ao que colocaram dentro da quadra. Fizeram toda a preparação da base para receber o asfalto. A chuva vem e acaba com o trabalho que foi feito, é dinheiro público jogado fora, nosso dinheiro jogado fora".

A moradora Gerlane Barros, 38 anos, reside no setor há mais de três anos, tem problemas de saúde e diz que a situação atrapalha o tratamento.

“Faço tratamento oncológico e não posso pegar poeira. Vivo em um transtorno desse. Tenho que ficar fazendo inalação direto aqui por causa disso. É uma falta de respeito e descaso com o ser humano, ! Falta de empatia pela vida do outro. Pagamos caro por isso todos os dias, nosso dinheiro, impostos caríssimo, para vivermos assim nessa situação”, desabafa.

Segundo Gerlane, a prefeitura fez “todo o procedimento de terraplanagem, passaram mais de três semanas mexendo na rua, tirando terra e colocando e no ponto de colocar o asfalto, pararam a obra”.

A professora Darlene Porto, 45 anos, que mora no local há cinco anos, diz ter ficado feliz ao presenciar a chegada do asfalto, mas conta que a pavimentação chegou apenas dentro do bairro. “Nas vias principais, onde tem acesso às escolas, creche, posto de saúde, não fizeram. Tem vizinhos que já caíram. Estamos em 2023, isso aqui já era pra tá tudo asfaltado, se pegaram a verba, é preciso finalizar”.

Ela também diz ter recebido informações de funcionários da obra que o asfalto é usinado e que pode ser feito no tempo chuvoso. “Nos informaram que conseguem terminar essa obra em 30 dias. Já tinham feito as camadas, a preparação para passar o asfalto, mas faltou essa verba".

A atendente de caixa Shara Cristina Dourado de Sá, 25 anos, está no local há mais de 15 anos e confirma que a própria prefeitura alegou falta de dinheiro para finalizar.

“A prefeitura alegou que é por falta de verba que não vai asfaltar mais. Quando tem sol, é poeira, quando é chuva, abre as crateras, é um transtorno. Depois que passaram a  patrola, muitas pedras soltas, toda semana um pneu de carro e moto fura. Eu já derrapei mas não caí porque equilibrei com o pé no chão. Minha tia caiu e se sujou toda na lama", lembra.

Há 27 anos a moradora Marineide Lopes da Silva Ramos, 45 anos, sofre com a falta de pavimentação no local. "Aí começaram e quando estavam quase finalizando, pararam tudo. É um descaso para quem mora próxima a situação. Além disso, fizeram só um pedaço próximo a pracinha e não continuaram por causa dos pés de manga que tem aqui”.

O que diz o município

Em nota, a Prefeitura de Palmas nega paralisação das obras e afirma que o andamento está dentro do prazo de vigência contratual. A gestão informa que o contrato atualizado para a  infraestrutura no é de R$ 17.437.524,72 e tem 62,87% de execução. O valor de investimento público no bairro correspondente a R$ 10.962.916,34, segundo a nota. 

Dos 20 km de asfalto projetado para o setor, a prefeitura diz ter executado 13,6 km. O restante será concluído “até a vigência do contrato”, afirma, sem precisar a data.

Sobre a falta de dinheiro apontada pelos moradores, a gestão nega e diz ter recursos em conta. “Assim como as demais do Programa de Requalificação Urbana Palmas para o Futuro, possuem recursos orçamentários e financeiros, este último depositado em conta específica, para realização dos serviços, ao contrário da informação que aponta falta de dinheiro”.

Em relação aos transtornos, a prefeitura observa que o bairro é ocupado com unidades habitacionais, comércios e serviços públicos e durante as obras “infelizmente há transtornos aos moradores e demais pessoas que transitam pelo setor”.