Apesar da polêmica e da chamada autonomia médica em torno dos medicamentos do Kit Covid (hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina), pacientes infectados com a doença que procuram os serviços médicos do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) estão recebendo orientação e receituário para ingestão de remédios que fazem parte deste kit, como a azitromicina, um antibiótico considerado de largo espectro e que compõe junto a outros fármacos como a cloroquina e a ivermectina.

Questionado pelo Jornal do Tocantins sobre a prescrição dos remédios, o TJ-TO, em nota, disse que o órgão do Judiciário Tocantinense que não interfere na autonomia do profissional de saúde, que prescreve a medicação. Ainda sobre o caso avaliado em relação ao Kit Covid, o tribunal salienta que não existem condições técnicas da administração interferir no assunto em questão, seja para recomendar a prescrição ou para proibir receituário desses medicamentos.

CRM

O secretário do Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO), o médico Nemésio Tomasella, ressalta que o kit Covid não pode ser uma determinação imposta pelo gestores da cidade, uma vez que, o médico tem autonomia para indicar os medicamentos, juntamente com o paciente que pode aceitar ou não a prescrição. “O CRM defende a autonomia do médico, e o fato do paciente querer ou não tomar a medicação, nesse caso. O conselho acredita que o médico brasileiro sabe o que é melhor para o paciente. Porém, o Kit Covid e o tratamento precoce são decisões autônomas deste profissional e o que a gente não pode deixar, é a política influenciar nessa situação”, completa.

O secretário também lembra que não existe constatação cientifica para afirmar se o Kit Covid tenha eficácia ou não no tratamento do novo coronavírus. “Então se o paciente está na dúvida, nesse momento, entra a autonomia do médico e queremos manter essa autonomia. O profissional tem respaldo do CRM e do Conselho Federal de Medicina (CFM) para saber o melhor método terapêutico para seu paciente com Covid-19”.

AMB

Já no dia 23 deste mês, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou um boletim afirmando que o uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid-19 devem ser banidos. Segundo o presidente da entidade, o médico César Eduardo Fernandes, a autonomia do médico não lhe dar direito de prescrever remédios ineficazes contra a doença.

No documento divulgado pela AMB, ela cita que medicamentos como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, “Quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida".