Dídimo Heleno

As escolhas de ministros do STF, como estamos cansados de saber, são uma piada. O circo hoje foi armado no Senado para a aprovação de André Mendonça, que irá ocupar vaga deixada por Marco Aurélio.

Mendonça é aquele mesmo que Bolsonaro classificou como "terrivelmente evangélico". Claro que são muitos os religiosos que professam o mesmo credo e que, nem por isso, apoiaram o seu nome, ao contrário de Michelle Bolsonaro, que é evangélica e foi ferrenha "cabo eleitoral" do novo ministro.

Pelo histórico da nova "ilha do STF" as expectativas não são alvissareiras, nem do ponto de vista ideológico, nem do técnico. Quando Lula indicou o então advogado do PT, mais conhecido como Dias Toffoli, para a Suprema Corte houve, com razão, muitas críticas  no mundo jurídico.

Com relação a Toffoli, lembro-me de um debate ocorrido na TV entre alguns juristas. Eles falavam sobre a sua indicação e um professor participante disse que o referido ministro  tinha evoluído muito e que se mostrou bastante estudioso. Um outro debatedor lembrou que o STF não é universidade, não comporta alunos. Quem lá chega tem que chegar pronto. 

Apenas para recapitular dois momentos de Mendonça, certa vez ele disse no próprio STF que "os cristãos estão sempre dispostos a morrer pela liberdade de religião". E foi um engajado defensor dos cultos religiosos mesmo quando a Covid matava e se espalhava  mais do que notícia ruim.

André Mendonça, como é praxe nessas sabatinas, rasgou tudo o que disse e recitou poemas aos senadores, jogou loas à democracia e nem parecia o fundamentalista de tempos atrás. Ele não deixou saudades como ministro da Justiça e menos ainda como advogado-geral da União. Um circo, cujo picadeiro se chama Brasil, com mais de 200 milhões de palhaços.