Dídimo Heleno
 
Em mais uma reviravolta, o Supremo Tribunal Federal, pelo placar de 6 a 5, modificou o entendimento anterior e, a partir de agora, não mais permitirá a prisão após o julgamento em segunda instância. Esse entendimento já foi alterado várias vezes ao longo dos anos, o que inegavelmente acaba causando insegurança jurídica e ausência de estabilidade das decisões judiciais. 
 
Muitos presos irão se beneficiar dessa decisão, mas o mais ilustre de todos, como se sabe, é Luiz Inácio Lula da Silva, que sentiu o cheiro do xilindró por muito tempo. Diversos apoiadores do político, entre os quais artistas renomados, estão comemorando nas redes sociais e vociferam com a boca cheia o “Lula Livre”, fazendo o sinal da letra ‘l’ com os dedos. 
 
A horda que apoia o governo, por outro lado, está de cara feia com a decisão do STF. E, como as decisões da Suprema Corte passaram a ter torcida, vivemos nesse Fla x Flu eterno. Numa semana um ministro pode ser exaltado nas redes sociais e, na semana seguinte, ser execrado, a depender do seu posicionamento jurídico. 
 
Lula ficará livre, leve e solto. Apenas sua língua continuará presa e esta, como se sabe, será usada para inflamar as massas, coisa que o político sabe fazer como poucos. Ele certamente está magoado, ferido, ressentido e será a principal voz da oposição – perdendo apenas para os filhos do Bolsonaro, claro.