Dídimo Heleno

Li hoje a certeira crônica do procurador regional da República Marcelo Alves Dias de Souza, publicada na Tribuna do Norte, de Natal (RN), intitulada "Desnego". Num momento de tanto negacionismo, nada melhor do que a convivência com quem o desnega.

Quem nega a realidade passa a impressão de que vive fora dela há anos. Para designar esses tipos até se cunhou a expressão "fora da casinha". O maior de todos os negacionistas, como se sabe, é o primeiro mandatário da Nação.

Essa horda que odeia a realidade funciona como espécie de Dom Quixote e todo dia enfrenta moinhos de vento, que formam pequenos furacões no centro das suas cabeças ocas.

O exército de negacionistas encontra no presidente da República o grande apoiador, este que incentiva e provoca aglomerações, critica a vacina chinesa, essa mesma que salvou o Brasil de ainda mais vexame perante o mundo, tem horror à máscara, desdenha de doentes, chama de "maricas" quem se protege do vírus e diz não passar de "mimimi" o clamor por saúde.

Repudiar a Ciência no momento em que mais se precisa dela é atitude insensata. Como alguém pode negar o inegável? É como não reconhecer o brilho do sol. Diante de um negacionista, desnegue-o.

Infelizmente politizaram a Covid-19. Enquanto milhares de vítimas sucumbem a cada dia, por aqui já se fala nas eleições de 2022. O Brasil desponta nas estatísticas da pandemia como o mais letal no mundo e acumula cadáveres diariamente. E há quem negue até os números. É negacionista? Eu desnego!