Dídimo Heleno 

Todo mundo sabe que as conversas mantidas entre os procuradores da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro foram para lá de inconvenientes. E agora, com o acesso da defesa do ex-presidente Lula a esses diálogos, muita coisa vem por aí. O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, está investigando suposta interferência na eleição da Corte. 

Trocas de mensagens entre o auditor Nivaldo Dias Filho e o onipresente Deltan Dallagnol foram divulgadas pelo site jurídico “Migalhas”. A partir disso, o ministro Dantas determinou a instauração de processo administrativo para apurar eventual desvio funcional cometido pelo referido auditor de controle externo. 

Nesses diálogos foi possível detectar a tentativa do auditor em impedir a reeleição do ministro Aroldo Cedraz para a presidência do TCU. Na conversa, Dallagnol diz: “Precisamos de algum fato contundente sobre ele que possa convencer os ministros a não reelegê-lo”. Em um outro trecho, Nivaldo Dias diz que estaria disposto a ir para Curitiba trabalhar na força-tarefa, mas que sua esposa, que é servidora do governo do Distrito Federal, deveria ser cedida para o Estado do Paraná. 

Disse o ministro Bruno Dantas: “Inicialmente, entendo que a apuração deva começar por meio do levantamento de informações no âmbito do próprio Tribunal, sem prejuízo de que, se necessário, seja solicitado ao STF o compartilhamento de eventuais provas pertinentes ao caso”. Ordenou, ainda, que todas as ligações telefônicas da unidade de lotação do auditor para a cidade de Curitiba, no período de 15 de maio de 2015 a 31 de dezembro de 2015, assim como eventual telefone celular, sejam disponibilizados.

O ministro determinou, ainda, que sejam listados todos os e-mails enviados e recebidos pelo auditor Nivaldo Dias Filho e que se referem ao domínio da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Distrito Federal, além de “verificados todos os e-mails que possam ter ligação com o procurador da República Deltan Dallagnol e com os promotores de Justiça Sérgio Bruno Cabral Fernandes e Wilton Queiroz de Lima”, concluiu. 

A revelação desses bastidores da operação Lava Jato, por meio da sua força-tarefa no Paraná, ainda dará muito o que falar e, como a fabricação de salsichas, causará muita repugnância ao consumidor-contribuinte, a quem será apresentado os intestinos do funcionamento daquelas investigações. Ali o procurador Deltan e seus colegas, assim como o ex-juiz Sergio Moro, além de outros atores, se esbaldaram e falaram de tudo um pouco. Haja estômago.