Pela primeira vez, desde que foi preso em dezembro de 2018, o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, voltou hoje à cidade de Abadiânia onde ele atendia milhares de pessoas no centro espiritual Casa Dom Inácio de Loyola. Ele saiu do Núcleo de Custódia, no complexo prisional na manhã desta terça-feira, 2 de julho, para participar da primeira audiência no Fórum local. Apoiadores do médium, vestidos de branco, estão diante do prédio portando cartazes e flores brancas. Faixas em apoio a João de Deus foram colocadas na grade diante do Fórum.

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O médium está sendo ouvido pela juíza Rosângela Rodrigues Santos, da comarca de Abadiânia, em dois processos que correm em segredo de justiça, mas se referem à violência sexual mediante fraude. Ele responde a outras sete ações judiciais por crimes diversos, como violência sexual e estupro de vulnerável, violência sexual mediante fraude, corrupção, coação de testemunhas, posse ilegal de arma de fogo, crimes sexuais e falsidade ideológica. Já a ação cível se refere a uma indenização por danos morais coletivo.

A magistrada que colhe o depoimento de João Teixeira de Faria já inocentou o médium em um processo e arquivou outro. No primeiro, João de Deus era acusado pelo Ministério Público de prática de tortura física e psicológica contra três pessoas que em 1996 foram acusadas de entrar na Casa Dom Inácio de Loyola para praticar furtos. Os três homens, segundo o representante do MP, teriam sido torturados com a conivência de policiais civis. 

No segundo processo, a magistrada o absolveu da denúncia de ato libidinoso contra uma adolescente de 16 anos, a hoje advogada Camila Correia Ribeiro, que teria procurado o centro religioso em 2008 para tentar se curar de Síndrome do Pânico. O MP pediu a condenação do médium por violência sexual mediante fraude, mas em 2013 a magistrada Rosângela Rodrigues Santos entendeu que João de Deus teve uma postura imoral, mas não cometeu crime. O caso, mostrado no programa Fantástico, da TV Globo, teve ampla repercussão.