Com quatro quilos a menos e após quatorze dias de total isolamento dentro de um cômodo de sua própria casa, a advogada Kellen Pedreira, de 44 anos, a primeira pessoa identificada com o coronavírus no Estado, se recuperou e já recebeu alta médica para interagir com sua família.

“Ontem [quinta, 26] terminou meu isolamento do quarto, mas estou em quarentena na minha casa. Já tenho contato com todo mundo. Meus sintomas acabaram total, e ontem eu já não tinha mais nada. Meus exames de sangue também estão ok”, comemora a advogada sobre a recuperação, em entrevista à equipe de reportagem do Jornal do Tocantins.

Mas nas duas últimas semanas, Kellen passou por dias de dores físicas características da Covid-19, que se acentuaram com o abalo emocional que passou após o resultado positivo apontando a doença causadora da pandemia. “No dia que eu recebi o resultado meu estado piorou, e tive até pneumonia. Precisei tomar antibiótico e foi uma fase difícil. Mas eu não tive falta de ar, febre nem como precisei entubar ou ir para UTI. Fiquei o tempo todo em casa e me curei da pneumonia”, conta, explicando que seu tratamento foi baseado em protocolos médicos utilizados em pacientes também diagnosticados em São Paulo com o coronavírus.

Um dos sintomas mais fortes que Kellen sentiu foi dor de cabeça, mas ela enfatiza que a doença pode manifestar outros sintomas, dependendo de cada organismo: “Você não trata a Covid-19, mas sim os sintomas e, no meu caso, remédio para dor para os sintomas leves e antibiótico a pneumonia. Hoje não sinto mais nada e posso dizer que estou curada”.

A advogada também informou que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) entrou em contato com ela e já a liberou do isolamento, mas terá que se manter em casa, assim como segue a orientação a todo e qualquer morador do Tocantins.

O Jornal do Tocantins publicou uma matéria com o relato de Kellen sobre o isolamento logo após a confirmação de seu caso. Para ler, clique aqui.

Apoio até de desconhecidos

Como se sentiu muito abalada pelo fato de ter sido a primeira pessoa diagnosticada com a doença no Tocantins, recebeu muito apoio da família e amigos. Mas o que Kellen não esperava é que receberia milhares de mensagens em suas redes sociais de desconhecidos, desejando força nesse momento e até relatando estar passando pela mesma situação. “Hoje eu recebi uma mensagem de uma pessoa do Rio Grande do Sul que está com a Covid-19. Ela viu no meu Instagram e queria saber o que eu havia feito, se já estava melhor. Isso eu acho bom, esse tipo de ajuda eu quero dar. Mas digo para as pessoas procurarem um médico, pois cada caso é um caso”, alerta.

Kellen relembra que sua família, esposo e filhos, e até funcionários de seu escritório realizaram o exame que identifica o coronavírus, e todos testaram negativo.

E alertando para a seriedade da doença por tê-la sentido na pele, a advogada conta: “Agora eu sei por que idoso não aguenta. Eu prostrei, fiquei muito mal. É muito forte, não é apenas uma gripezinha. Uns três dias após o início dos sintomas perdi o olfato e paladar, e emagreci quatro quilos. Não tinha fome, tudo doía. Meu maior medo era contaminar as pessoas, mas agora está tudo bem, graças a Deus”.

Até a última quinta-feira, 26, o Tocantins havia registrado oito casos confirmados da Covid-19, todos em Palmas.

A orientação a todos é continuar com isolamento social. Para quem precisa sair de casa, é preciso seguir com a constante higienização das mãos e superfícies com água e sabão e álcool 70%, seja líquido ou em gel.