Disquetes, computadores antigos, celulares, fotos, máquina de datilografia, esculturas religiosas e artesanato indígena são alguns dos objetos que fazem parte do acervo do Museu do Lixo do Aterro Sanitário de Palmas que é referência na região Norte do País.

O museu existe desde 2009 a partir de peças resgatadas por operadores das máquinas do próprio aterro. João Marques, engenheiro civil e lixólogo responsável pelo local também atua no mantimento do acervo fotografando e expondo vivências, visitação de bichos e crescimento das plantas dentro do aterro. Ele explica que todo o museu foi montado ocasionalmente por ele e mais de 20 colaboradores a partir das 270 toneladas de lixo que é descarregada diariamente.

Não há uma triagem para um objeto pertencer ao museu, a escolha ocorre quando os colaboradores estão operando. As peças que vão para o museu são as que chamam mais atenção, são as que refletem nos olhos do operador. “Quando algo é encontrado, ele passa por um processo de limpeza, desinfecção e restauração, para poder ser exposto no museu”, informou Marques.

A primeira peça encontrada foi um quadro pintado por Camilo Castelo Branco e, desde então, Marques tem feito o papel de curador do museu. Após isso, o especialista passou a colecionar histórias contadas a partir do lixo, além de mostrar a evolução dos objetos. “Com o museu percebemos a evolução eletrônica. Um celular pode ficar obsoleto e se tornar parte da nossa história, por exemplo. É por isso que precisamos documentar a nossa história e retratar a nossa cultura”, disse.

Através do Museu do Lixo, as pessoas que o visitam podem perceber a evolução dos aparelhos de som, dos discos, câmeras fotográficas, computadores, TVs e obras de arte. Marques disse que “pela pata se conhece o elefante e pelo lixo se conhece o habitante” e é assim que o Aterro Sanitário da Capital também dá a oportunidade de retratar a evoluções que ocorrem na sociedade, pois, como ele pontua, é através do lixo que a história de um povo pode ser contada.

Educação Ambiental

O gestor comentou que a ideia de montar um museu dentro do aterro surgiu a partir do grande número de visitas ao local, técnicas ou não. Nessas visitações, que eram guiadas, as pessoas perguntavam sobre o funcionamento do local. Conforme Marques, o museu também tem o objetivo de trazer educação ambiental para as pessoas que o visitam e mostrar o relacionamento que a sociedade tem com o lixo.

Por isso, no espaço também há fotos de como o aterro funciona e fotos de plantas e bichos encontrados no aterro, principalmente quando falta água, fator que representa um indicador de qualidade ambiental. “Quando os animais aparecem e as plantas nascem por aqui, comprovamos que o nosso aterro está harmonioso. Estamos conseguindo manter o ambiente saudável”, destacou.

Marques também relata que patos selvagens, jacarés, tartarugas, pássaros e peixes, ocasionalmente, aparecerem no lago de chorume tratado. O chorume é um líquido preto, viscoso, malcheiroso, mais contagioso que o esgoto doméstico. E com o tratamento, o Aterro Sanitário de Palmas consegue o transformá-lo em vida. “A aparição dos bichos aqui é uma grande satisfação para nós”, frisa o lixólogo.

Visitação

Marques relatou que o aterro recebe visitas guiadas de escolas, instituições públicas, privadas, universidades e pesquisadores do Tocantins e de outros estados. “É interessante termos a história do nosso aterro documentada”, reafirmou.

Para visitar o museu, é necessário um agendamento prévio, na Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, por meio do telefone (63) 2111-0612. A gestão do museu preza para que a visitação seja feita em grupo, para que a visita seja eficaz em toda a operação do aterro e funcionamento dele seja disseminado para que surjam agentes ambientais atuantes na defesa do meio ambiente.

Confira abaixo o acervo que compõe o Museu do Aterro Municipal de Palmas