O telegrafista aposentado José Macedo, de 82 anos, nasceu em Porto Nacional e com ele carrega a história da cidade em um acervo com inúmeras peças que guarda com muito carinho. Com pinta de historiador, ele lembra de cada tijolo que pessoas que construíram a cidade assentaram. Os olhos marejam, o andar é leve. Ele abre caixas, folheia documentos, manuseia objetos de muito valor e fala sobre como é ter acompanhado e ter sido parte dessa história, que ainda é construída, paulatinamente.

“É uma cidade de muita história. Em função da mineração em Monte do Carmo e Pontal, essa região virou ponto de passagem para esse percurso do ouro, essa região ficou conhecida como Porto Real. O português Felix Camoa, vendo o movimento, fixou na região, trouxe sua família e muitas pessoas foram chegando e se aglomerando no que mais tarde seria Porto Nacional, que era um vilarejo”, relata.

Questionado sobre o porquê de guardar tantas coisas tão valiosas, Macedo afirma que gosta de valorizar o passado. “Tem que zelar pela nossa história. Temos que ter essas coisas para levar para a posteridade. Tem coisa aqui que tem mais de 200 anos. Guardo documentos de amigos e familiares, sete volumes importantes”, diz. Um desses documentos é uma a carta de Juscelino Kubistchek o agradecendo por serviços prestados a Porto Nacional.

Para Macedo, Porto Nacional representa tudo. “Minha família é daqui, nasci aqui. Tenho que zelar por esse patrimônio todo. Me emociono ao lembrar dos meus antepassados. Tudo que temos devemos ao trabalho do portuense que trabalhou pelo desenvolvimento da cidade”, se emociona. Ele comenta que a população só valoriza a parte da cidade que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Tem a parte histórica e tem a parte que desenvolveu, que cresceu. Esquecem que a cidade cresce, tem universidades, tem escolas, cresceu bastante no comércio, na indústria na educação”, destaca.

Para Macedo, é importante respeitar aquilo que já existe na cidade velha, cultuá-la, conservá-la para a posteridade. “Isso é importante para mostrar como era a vida no passado, ver o que já se construiu e ver o que já está elevando o status de cidade desenvolvida e com a economia forte, a altura, dos desejos que aqui habitam”.

O telegrafista aposentado acredita que Porto Nacional se destaca como Capital da cultura por ter espalhado educação por todos os municípios adjacentes e estados vizinhos em função do aproveitamento dos alunos do Colégio Sagrado Coração de Maria, do internato São Tomaz de Aquino, onde se estudavam diversas línguas. “Um povo que estuda é um povo que se desenvolve, mental e materialmente. E o grande motivo de desenvolvimento da região é a educação”, finaliza.