Faleceu em Palmas neste sábado, 2 de outubro, aos 48 anos, o artista quilombola Mauricio Ribeiro da Silva. Morador da comunidade Mumbuca, onde nasceu a 2 de agosto de 1973, em Mateiros, leste do Tocantins a 241 km de Palmas, era músico, compositor e arranjador de um instrumento raro, a viola de buriti, criado pelo avô, Antônio, pai de sua mãe Ouvidia Ribeiro da Silva, o único nome da ascendência registrado na identidade do mateirense. 

"Com esse instrumento ele se tornou conhecido e reconhecido não apenas no Tocantins, mas no Brasil e fora do país", lembra o primo, Marcos Fernando Vieira Marques, o Marquinhos, vereador de Mateiros, pelo Republicanos. Segundo o vereador, Mauricio contraiu Covid-19 e precisou ser transferido para a capital há alguns dias. Em Palmas, chegou a ser intubado, mas o caso se complicou e ele faleceu no Hospital Geral de Palmas (HGP) no início da tarde. 

Mauricio é a primeira morte registrada pela doença no muncípio que confirmou 210 casos entre 690 notificações, mas não havia registrado nenhum óbito até este sábado. Apenas outras três cidades do Estado seguem sem morte por Covid-19: Crixás , Lavandeira e Taipas. "Era uma pessoa de boa convivência e bastante querida", ressalta o primo.

Tentou eleger-se vereador em duas eleições. Em 2012, pelo PSDB, declarou a profissão de agricultor. No ano passado, pelo Solidariedade, assumiu a profissão de músico e de alfabetizado.  Alcançou apenas 25 votos e não figura como suplente.

Dono de dois alqueires de terra na Comunidade Mumbuca avaliados em R$ 40 mil, conforme declarou à Justiça Eleitoral, ele também mantinha um restaurante regional com a esposa, o “Viola de Buriti”.

A fabricação do instrumento que lhe deu fama e o levou a viaja o  país pelo projeto Sonora Brasil - Viola Singulares, do Sesc, é tema de um documentário regional aprovado pela Lei Aldir Blanc, que levou equipes do governo, da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc), e da produtora Jiquitaia à comunidade para gravar imagens do cancioneiro produzindo o instrumento, feito com o talo da palmeira buriti, e com linhas de pesca com cordas, para o documentário “Viola de Buriti do Jalapão.”

O órgão divulgou uma nota em que declara o músico "ícone da representatividade da cultura tocantinense" e afirma que Maurício deixou um legado pela trajetória de luta quilombola e dedicação à arte. "Levou para o Brasil e o mundo a tradição da Viola de Buriti, compartilhando seus saberes com toda a comunidade", diz a nota.