O ano é 1979. Maria Creuza Lourenço de Araújo é dona de casa e tem 57 anos. Natural de Balsas (MA), tinha apenas 15 anos quando ficou grávida de Diana. Menor de idade e solteira, ela precisou do auxílio de sua tia Almerinda, que saiu do sertão maranhense e foi morar em Balsas para auxiliá-la nos cuidados com a bebê, recém-nascida.

Almerinda se apega à criança e quando, aos 18 anos, Creuza se casou, acabou deixando Diana com ela. Quando tinha 23 anos, Creuza resolve tentar melhorar de vida indo morar em Palmas, capital do Tocantins, que se anunciava como um lugar promissor. Diana tinha então 8 anos e ficou definitivamente com a tia Almerinda. Creuza garante que mesmo tentando trazer Diana consigo, Almerinda, que efetivamente a criava, não permitiu.

A partir de então começou um drama envolvendo as três mulheres e que já dura 30 anos. “Nesse intervalo, consegui contato por telefone com minha filha uma única vez, isso há nove anos”, relembra Creuza, afirmando que sempre que solicitava a alguém da família um número de contato para localizar Almerinda e tentar falar com a filha, os parentes passavam o número errado. “Até os oito anos da Diana, eu buscava ela na casa da tia Almerinda para passar o dia comigo e ela chorava quando tinha que ir embora, mas lembro que existia essa disputa entre eu e minha tia”, conta a dona de casa. A última vez que Creuza teve notícia de Diana era de que ela estava morando em Brasília (DF), já casada e com filhos.

O outro lado
Diana Araújo Santos é comerciante e tem 38 anos, reside em Brasília (DF) desde os 22 anos. Foi para a capital federal incentivada por sua mãe adotiva, Almerinda, para estudar. Ela conta que teve contato presencial com sua mãe biológica, Creuza, até os oito anos de idade. “Minha mãe Almerinda nunca me deixou faltar nada, mas sempre fiquei com uma pergunta na minha cabeça: por que minha mãe biológica me abandonou?”, disse Diana. 

Um dia, enquanto fazia uma atividade doméstica, Diana foi surpreendida por uma de suas filhas, Janaína, 18 anos. “Mãe, eu tenho uma avó viva e não a conheço. Quero conhecer!”, teria dito a jovem. Diante do desejo da filha, Diante tentou encontrar alguma pista que pudesse revelar o paradeiro atual de Creuza, que ela sabia morar em Palmas. Ela tentou localizá-la durante um ano e meio e, após tentativas frustradas, resolveu apelar para as redes sociais.

No dia 27 de agosto deste ano, mais de uma década depois de ter tido a última chance de encontrar a mãe biológica, Diana anunciou em um grupo palmense de compras e vendas em uma rede social que estava à procura da mãe. “Eu lembrava pouca coisa sobre o nome do bairro em que ela morava, mas expliquei a minha história. Coloquei meu número e uma foto já antiga da minha mãe”, conta Diana.

O tempo entre a publicação e conseguir falar com sua mãe biológica por telefone foi de menos de 12 horas. Isso foi possível graças a uma vizinha de Creuza, chamada Ruadyna, que reconheceu a história já ouvida tantas vezes. “Confirmou a hístória e fui logo na casa da dona Creuza falar sobre a filha perdida”, conta empolgada.

Expectativa do 1º encontro

Mãe e filha conseguiram se falar por telefone. Uma conversa tímida, de quem ainda não tem intimidade. A intenção é que aos poucos as duas consigam resgatar os laços entre mãe e filha. Um primeiro encontro foi marcado ainda para o mês de agosto, mas, por motivos profissionais, Diana acabou precisando adiar. “Agora terei de esperar um pouco, mas em duas semanas pretendo ir com meus cinco filhos e meu marido”, anunciou. Dona Creuza está em êxtase e o que mais deseja agora e abraçar novamente a filha e conhecer os netos. “Por telefone, já foi aquele chororô, imagina pessoalmente”, disse, completando que tudo isso é um grande sonho realizado.