Assumindo a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes no dia 27 de junho deste ano, Wanessa Zavarese Sechim foi secretária de Educação, Cultura e Esporte em Nova Venécia e em Vila Velha, no Espírito Santo, e também atuou como secretária executiva do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) e na coordenação nacional da Educação do Campo no Ministério da Educação (MEC). Em entrevista ao Jornal do Tocantins, falou sobre o movimento grevista dos profissionais da Educação que aconteceu pouco tempo após assumir a secretaria, dificuldades de ensino que o Estado enfrenta e quais os planos para o setor em 2017.

Quais foram os maiores problemas enfrentados pela Educação no Estado?

Nós assumimos a secretaria em junho e logo após os professores entraram em férias. Não tivemos a oportunidade de ter um contato com o professor. Voltando das férias em agosto, é deflagrada uma greve. Penso que para a Educação do Tocantins, tivemos graves prejuízos e não tem como não falar que o maior prejudicado é o aluno. Então quem esteve todo o período em greve integral, teremos 69 dias letivos para repor, e isso não representa a totalidade da rede, mas sim uma minoria, porque 400 escolas fecharam o ano letivo em 22 de dezembro. Em 302 escolas, as aulas não pararam em hora nenhuma, e são mais de 100 mil alunos. Mas as demais escolas tiveram situações diversas e estamos acompanhando. Tivemos realmente uma orientação séria e responsável quanto à reposição e não dá para apresentar uma proposta que não garanta os 200 dias letivos que está em lei, e a Secretaria tem observado a legislação para garantir esse direito de aprendizagem dos alunos. Simultaneamente a isso, decidimos fazer um diagnóstico da rede para entender os resultados da educação no Tocantins.

Quais as mudanças que farão melhorar os índices educacionais no Estado?

Temos clareza que, com resultado das avaliações Ideb, Enem, Pisa e resultado interno, a educação não avançou nos últimos 10 anos, e que precisa ser reestruturada. Não dá mais para ficar fazendo o mesmo. Começamos a planejar algo diferente, e o novo incomoda, mas nós vamos trazer algo diferente para 2017. Temos um eixo norteador, que precisamos trabalhar em quatro eixos: acesso, atendimento, permanência e sucesso dos alunos. E dentro de cada um temos enormes desafios para cumprir. E toda a orientação pedagógica da secretaria precisava mexer em nossas resoluções, portarias, normativas e na nossa rotina. E fazer diferente incomoda, demanda mais trabalho, comprometimento, responsabilidade, seriedade com o aluno e com aprendizagem.

Mudanças foram feitas no calendário de 2017. O que vai ser diferente?

O primeiro ponto foi um esforço para excluir o sábado letivo. Tivemos que colocar exames especiais para janeiro de 2018, para garantir dias letivos e não comprometer o sábado, porque o pais e professores tem compromisso no sábado. Também fizemos uma precisão de planejamento pedagógico, uma semana antes do início do ano letivo e estamos elaborando um guia com todas as orientações pedagógicas e nessa semana o professor vai estudar, conhecer e discutir. Já inserimos o calendário de simulados para o Enem, para os alunos do 3° ano, que acontecerá em março e setembro. Outra mudança vai ser nas estruturas curriculares, que nós mudamos, ouvindo as escolas e diretorias regionais, e reduzimos as aulas de 60 minutos para 50 minutos, para poder oferecer mais aulas. Também terá a inserção de Redação desde o 1° ano, inserção de Língua Inglesa nos anos iniciais, aulas de Física e Química para o 9° ano, além da disciplina de Atualidades.

Existem professores suficientes para ministrar essas aulas e complementar essa proposta?

Não. Mas temos professores que trabalham a Química e a Física no Ensino Médio, e é esse perfil de professor que trabalhará nos anos finais do Ensino Fundamental. O professor tem uma jornada de 40 horas e ele vai ser distribuído normalmente, não importa se vai ser nos anos finais ou no Ensino Médio. Se esse professor que já atua no Ensino Médio tiver a carga horária comprometida, vamos contratar um professor para o Ensino Fundamental, vai depender da situação de cada escola, de cada município. Então a escola vai analisar qual é o professor com perfil mais próximo para atuar nessas disciplinas novas.

Como é a relação da pasta com os professores?

Nós tivemos poucas oportunidades de estar com os professores. Depois nós tínhamos um cronograma de ir à todas as regionais de ensino para conversar com professores e diretores, mas não tivemos essa oportunidade devido às questões da greve. Então fizemos o diagnóstico, juntamente com as regionais de ensino. E isso foi feito simultaneamente à greve. Foi um ano atípico para a educação. A conversa com os representantes da categoria, que é o sindicato, foi por meio do Grupo Gestor.