A Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae) de Araguaína, região Norte do Estado, responsável pela realização das análises dos testes de Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) em todo o Tocantins, está sem efetuar os testes e com cerca de duas mil amostras paradas devido os repasses, feitos pelo gestão estadual, estarem atrasados.

De acordo com o responsável técnico do Serviço de Referência em Triagem Neonatal da Apae, Sérgio Antônio Rodrigues Nascimento, os repasses referentes a setembro, outubro e novembro do ano passado estão atrasados desde a segunda quinzena de novembro. Conforme ele, desde então vem cobrando do Estado os pagamentos e sempre é informado de que será feito na próxima semana. A Apae de Araguaína realiza os testes desde 1994 e em 2000 firmou um convênio com a Sesau para a realização dos exames colhidos nos municípios do Estado. “Em outros estados, a Apae também realiza os testes, como em São Paulo e Mato Grosso do Sul”, informou.

Ainda segundo Nascimento, no momento, cerca de dois mil recém-nascidos tiveram o material colhido, mas os pais aguardam o resultado do exame, que só tem previsão de ser efetivado após o pagamento realizado pelo Estado. “O montante é de R$ 344 mil e, com esse dinheiro, temos que pagar os salários dos funcionários contratados; despesas com água, energia e telefone; e comprar os materiais, sendo insumos e reagentes”, explicou. Mensalmente, o laboratório da Apae faz, em média, a análise de cerca de 2.500 amostras em recém-nascidos.

Doenças

“O teste foi introduzido para diagnosticar precocemente doenças que podem levar ao óbito e retardo mental, doenças que, se diagnosticadas e tratadas precocemente, não trazem sequelas mental e física”, explica a médica pediatra Patrícia Bastos Amorim.

Um dos casos é o diagnóstico da doença falciforme (veja quadro), falha de uma das células sanguíneas, a hemoglobina, que leva a criança a ter anemia e alguns problemas como crises de dor e diminuição da defesa do corpo. “Com o diagnóstico, pode se ter o controle total de algumas doenças e outras, se tratadas precocemente, como fibrose, pode haver melhora na qualidade de vida, e trazer menos sequelas, prorrogando a vida do ser humano”, explicou.

Pagamento

A Sesau informou que está previsto para esta semana o cumprimento dos pagamentos, após a liberação do orçamento do Estado, mas não especificou o valor e nem o dia exato para que o débito seja quitado. Enquanto o repasse não é feito, o teste não está sendo realizado nos recém-nascidos de todo o Estado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal (SBTN), todos os estados brasileiros contam com pelo menos um Serviço de Referência em Triagem Neonatal e diversos postos de coleta para o Teste do Pezinho, seguindo a Portaria GM/MS nº 822 (Portaria Nº 822), de 6 de junho de 2001.

Teste do Pezinho

- É o exame feito a partir do sangue coletado do calcanhar do bebê e permite identificar doenças graves, como: o hipotireoidismo congênito, a fenilcetonúria (doença do metabolismo) e as

hemoglobinopatias (doenças que afetam o sangue – traço falcêmico e doença falciforme) e fibrose cística

- O teste deve ser realizado em todos os recém-nascidos, a partir de 48 horas de vida até 30 dias do nascimento, sendo o ideal entre o 3º e o 7º dia de vida

Por que é preciso fazer?

As doenças identificadas através do teste não apresentam sintomas no nascimento e, se não forem tratadas cedo, podem causar sérios danos à saúde, inclusive retardo mental grave e irreversível

Se o bebê for portador de alguma dessas doenças e não for tratado convenientemente, desenvolverá problemas no desenvolvimento físico e mental.

Fonte: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal