A sessão do júri popular que irá julgar o acusado de matar a professora Heidy Aires Leite Moreira Borges deve ser realizada no próximo dia 14 de março de 2019, às 9 horas, em Palmas. O julgamento foi marcado pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Palmas, Gil Corrêa.

Allan Moreira Borges, ex-esposo da professora encontrada assassinada com quatro facadas em sua residência, em dezembro de 2014, foi sentenciado ao júri em julho de 2016. Ele será julgado por homicídio duplamente qualificado, praticado por motivo torpe (ciúmes por suspeita de traição da esposa) e sem possibilitar defesa à vítima. Allan recorreu contra essa decisão no Tribunal de Justiça (TJ-TO) e tribunais superiores, mas todos os pedidos para anular a pronúncia foram rejeitados.

O Ministério Público Estadual (MPE) e a defesa de Allan já foram intimados sobre a data do júri e apresentaram pedidos, já aprovados pelo juiz a serem cumpridos até o julgamento.

A advogada de Allan, Fabiula Ianowich, apresentou, no ano passado, um pedido ao juiz para que a Justiça reúna eventuais antecedentes criminais de um ex-namorado da professora, o representante comercial Leandro de Brito Nunes, a quem também o indicou para que seja notificado a depor no plenário do júri.

A defesa considera "imprescindível" que seja ouvida a filha do casal Giovana Aires Moreira Borges. Estão arrolados ainda pela defesa o representante comercial Mairon Cesar Sanches Parente e dois peritos, Laedmo Ponciano de Azevedo, de Palmas, e Rosangela Monteiro, de São Paulo.

Pelo Ministério Público, o promotor Delveaux Vieira Prudente Júnior pediu ao juiz que junte no processo uma certidão atualizada sobre os antecedentes criminais de Allan, além de determinar uma pesquisa atualizada na rede Infoseg sobre outros antecedentes criminais do acusado.

Além de Leandro Brito e Mairon Parente, o Ministério Público indicou como testemunhas a educadora Elanne Rocha, que trabalhava com a vítima, o irmão dela e sua cunhada, Natanael Leite Lima e Marla Ellen Tavares Cedro.

Morte

Na denúncia apresentada em março de 2015 o promotor de Justiça Lucidio Bandeira Dourado afirma que Allan e Heidy reataram o casamento em 2013 após um divórcio que os separaram por quase quatro anos. Nesse período ela se relacionou com o representante comercial Leandro Nunes. Segundo o promotor, o suspeito teria descoberto que a professora mantinha contato telefônico com o ex-namorado e premeditou o crime.

Para cometer o crime, o MP afirma que Allan levou os dois filhos do casal para a residência dos avós, em Gurupi, mantendo-os afastado da cena do crime. Uma das provas usadas pelo MPE para a denúncia é um laudo confirmando que o material genético encontrado nas secreções e nas unhas da professora era de Allan. O material do réu foi colhido após ele aceitar colaborar e doar material genético durante uma audiência.

Material genético de uma terceira pessoa também foi encontrado por exames. O ex-namorado dela, Leandro Brito, teve analisado material genético, mas o resultado não coincidiu com o coletado no corpo da vítima, que teve o cadáver exumado para essa coleta. 

Conforme as investigações, a professora foi atacada enquanto dormia e depois de ser atingida tentou se arrastar para fora do quarto, onde foi encontrada já sem vida por colegas da escola onde trabalhava.

Família

A mãe de Heidy, Maria do Amparo Leite Oliveira, espera que a justiça seja feita.  “Estou esperando a Justiça dos homens e a divina. Estou confiando em Deus. Mesmo que seja uma decisão favorável a ele, vou confiar e recorrer até o último momento”, diz.

Dona Maria do Amparo também comenta neste dia 8 de Março, data que se comemora a luta das mulheres, o que é para a família ficar quatro anos e dois meses sem a presença da filha. “É uma saudade que não tem fim. Uma tristeza! Uma dor imensa que nós vivemos diariamente. A gente não esquece um só momento dela”.

O Jornal do Tocantins entrou em contato com Allan, porém ele disse à reportagem que não iria comentar com a imprensa sobre o assunto.