O juiz Frederico Paiva Bandeira de Souza decidiu tornar réus em ação penal por peculato - desvio de bem ou dinheiro público, um tipo de crime praticados por funcionários públicos contra a administração - o ex-superintendente da AGETO (Agência Tocantinense de Transportes e Obras) Geraldo Pereira da Silva, o ex-diretor do órgão em Paraíso, Francisco José Ferreira Lima, o Dedé Benício, e o fazendeiro Wanderley Luzini.
 
Para o juiz, a denúncia apresentada pelo promotor Cristian Monteiro Melo Promotor de Justiça preenche todos os requisitos e não há hipótese para sua rejeição. A decisão de Paiva é desta segunda-feira, 14, quando ele abriu o prazo de dez dias para os réus apresentarem defesa.
 
Segundo o promotor, entre os dias 7 e 8 de maio do ano passado, o ex-diretor Dedé Benício recebeu ordens diretas do então superintendente Geraldo Silva Filho, para que fosse encaminhada uma máquina para realizar serviços de terraplanagem na TO 442, rodovia que dá acesso à cidade de Araguacema. Na ocasião, Silva requisitou ainda a realização dos mesmos serviços na condição de “teste de terraplanagem”, eu uma fazenda Macaúba, de Wanderley Luzini. 
 
Geraldo Silva nega ter autorizado qualquer teste na fazenda e disse jamais ter recebido alguma vantagem para autorizar o serviço de terraplanagem na fazenda. Já o ex-diretor de Paraíso confirmou aos investigadores ter recebido ordem direta de Geral para encaminhar a máquina para o serviço na TO 442, mas a "patrol" realizou primeiro o serviço na fazenda de Wanderley e nenhum na TO 442 porque apresentou problemas mecânicos. 
 
Segundo a investigação, o fazendeiro se reuniu pelo menos cinco vezes em Palmas com então superintendente Geraldo Silva, nos quais pediu auxílio para recuperar a estrada, mas, ao ser interrogado, "relatou que nunca acordou com Geraldo de realizarem qualquer serviço em sua propriedade", afirma o promotor na denúncia.
 
"As testemunhas ouvidas foram uníssonas ao informar que o serviço efetivamente ocorreu na propriedade de Wanderley, além de destacarem que a ordem direta partiu de Francisco, o qual foi ordenado inicialmente por Geraldo", completa o promotor Melo.  
 
Nenhum dos réus recebeu intimação judicial até a publicação desse texto. O JTo não conseguiu contato com o ex-diretor Dedé Benício. A reportagem telefonou e enviou mensagens para os celulares do ex-superintendente Geraldo Silva e do fazendeiro, mas não obteve contato.