Com a estiagem prolongada e a falta de chuvas em boa parte do país, já se discute uma crise hídrica no Brasil. Além desse fator, o valor da energia elétrica vem subindo ao longo dos meses com os reajustes das bandeiras (custos acrescentados pela União para cobrir gastos com fornecedoras extrras). Por isso, alternativas renováveis de geração de energia têm se tornando opções interessantes e ganhado espaço viável em muitos lares.

Dados do Governo Federal apontam que mais de 70% de toda a capacidade instalada no país tem origem em usinas hidrelétricas (são mais de 1,5 mil empreendimentos nesse sentido no Brasil). Conforme o Ministério de Minas e Energia, essa dependência afeta significativamente o país quando os períodos de estiagem vêm.

Porém, segundo o órgão, quem tem gerado energia solar já consegue não ficar no sufoco. Conforme dados do órgão, a autogeração de energia por meio dos painéis solares fotovoltaicos estão em alta no Brasil e representam aproximadamente 1,2% da energia gerada em todos os estados.

Aqui no Tocantins, um exemplo de quem aderiu a essa alternativa é o advogado Sérgio Noleto Barbosa. Ele conta que tem energia solar há pouco mais de um ano em sua casa em Palmas. A implantação, segundo ele, ocorreu devida à necessidade de ter mais economia no final do mês. “O maior benefício é economia, vez que as tarifas de energia elétrica do Tocantins, estão entre as mais caras do Brasil, ressaltando também a importância para com o meio ambiente, sendo que é uma fonte de energia limpa, utilizando apenas do sol”, completa.

Barbosa garante que teve uma economia considerável após a implantação da energia solar. “Passei a pagar na fatura de energia em torno de R$ 160. Antes pagava em torno de R$ 900 a R$ 1.100 reais. Eu e toda familia passamos a ter maior comodidade e qualidade, passando a não preocupar com o uso do ar condicionado, que em Palmas não é luxo, mas sim uma necessidade”.

Para realizar o processo, o advogado relata que contratou uma empresa especializada em energia solar, que resolveu todo o tramite administrativo e burocrático da instalação. “Consegui financiar 100% do investimento utilizado em quatro anos, sem valor de entrada, sendo tudo rápido e fácil. O valor investido foi algo em torno de 30.000”, diz.

Energia solar

A Prefeitura de Palmas informa que desde 2016, ano em que o Programa Palmas Solar foi criado, mais de 1.000 pessoas físicas e jurídicas palmenses foram beneficiadas. Segundo o órgão, apenas nos últimos meses foram mais de 100.

A prefeitura destaca que o programa consiste em incentivar a geração e uso de energia sustentável, ao disponibilizar ao cidadão descontos sobre tributos municipais: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e Imposto de Transferência de Bens Imóveis (ITBI). “Ainda fornece, a Outorga Onerosa do Direito de Construir”, diz o Executivo.

O Município informou também que as usinas instaladas pelo programa já equivalem a mais de 140 mil árvores plantadas em Palmas.

Demandas

Atraídas pelo aumento da demanda por energia solar fotovoltaica, 450 novas empresas se lançam nesse mercado todo mês no País, segundo a Absolar, entidade que representa o setor.

Entre 2019 e 2020, o segmento teve expansão de 60%. “A crise hídrica está impulsionando o mercado. Só até maio de 2021, o crescimento já foi de 64%”, afirma Rodolfo Meyer, conselheiro da Absolar.

Geralmente para a implantação do sistema são instalados conjuntos de placas. O investimento inicial de um sistema solar varia de R$15 mil a R$18 mim reais. Mas antes da instalação é preciso fazer uma análise técnica e o cliente precisa o quanto quer economizar com essas placas.

Estudo

Já um estudo do Datafolha de 2020 concluiu que gerar a própria energia é um sonho de 9 em cada 10 brasileiros. Para isso, segundo a análise, mais de 99% dos brasileiros acaba escolhendo o gerador fotovoltaico.

No entanto, o custo inicial para a aquisição e instalação desses sistemas ainda é uma barreira para muitos. “É nessa hora que o financiamento se torna a melhor opção. Esse parcelamento do sistema de energia solar suaviza muito o desembolso inicial, além disso, dependendo do valor mensal que se gasta com energia, a economia que a pessoa irá obter com a energia solar poderá ficar bem próxima da parcela do financiamento”, deduz o assessor de negócios de uma cooperativa financeira presente no Tocantins, Mato Grosso e Oeste da Bahia, Pedro Eich.

O assessor garante que nos últimos anos o custo caiu tanto do quilowatts, quanto da instalação dos equipamentos. “Basta o associado procurar um fornecedor, que vai desenvolver o projeto e apresentar aqui na cooperativa para pedir a aprovação, como também fazer o pedido na concessionária de energia”.

Ainda de acordo com o responsável, se o projeto contempla 100% do gasto de energia do imóvel, a economia pode ser 90%, porque continua pagando o mínimo da conta de luz à concessionária. Ele ainda conta que o tempo para pagar o projeto reduziu quase pela metade e a vida útil dos equipamentos é de até 25 anos.

Eich reforça que outra vantagem em se tornar um autoprodutor de energia é que o consumidor não precisa mais se preocupar com os aumentos na tarifa. Toda a energia que ele consome passa a vir do sol, fonte mais abundante no mundo e que não apresenta crise de fornecimento como as hidrelétricas no Brasil. “Da mesma forma acontece com as bandeiras tarifárias, que não impactam mais a sua conta de luz no final do mês. Pelo contrário, quanto mais cara fica a energia no Brasil, maior passa a ser o valor que você economiza na conta de luz”, pontua o assessor.

Segundo ele, a cooperativa de crédito oferece condições facilitadas para o associado conseguir o seu sistema de energia solar. “O valor financiado é creditado diretamente na conta corrente do fornecedor e o associado escolhe a forma de pagamento, que pode ser parcelada ou única, e o valor é debitado da conta corrente”, explica.