Médicos do serviço de cirurgia cardiovascular do Hospital Geral de Palmas (HGP) protocolaram, nesta semana, um dossiê no gabinete do subsecretário estadual da Saúde, Luiz Edgar Leão Tolini, e diretor geral do HGP revelando o quadro caótico no setor. Os autores revelam a existência de 107 pacientes internados no hospital que estão com a vida em risco devido à interrupção das cirurgias cardiovasculares, por falta de profissionais, insumos e materiais adequados para cirurgias cardíacas. “Esses pacientes precisam ser removidos para outros centros”, diz o dossiê.

“A consequência disto é atendimento de pacientes com indicação de tratamento cirúrgico e sem a possibilidade de serem operados”, cita um trecho do documento, que alerta para a importância dessas cirurgias para os serviços de hemodinâmica (marca-passos) e ritmologia. Com a interrupção das operações cardiovasculares, afirmam os médicos que os pacientes têm a situação agravada pelo risco de não poderem ser atendidas “assistidos em casos de complicações mecânicas durante seus procedimentos”.

No relatório os profissionais ainda relatam que de 2008 até o momento já foram realizadas 575 cirurgias na unidade, entre cardiopatia em adultos e congênitos. Porém, nos últimos anos, os médicos observaram um declínio no setor de cardiologia dentro do HGP, chegando ao ponto de apenas oito pacientes terem sido operados em 2018, ou seja, uma média abaixo de um paciente por mês.

“Esses números são tão impressionantes como preocupantes. Sendo assim, gostaríamos de alertar para a atual situação do serviço de cirurgia do HGP, um hospital da Capital do Estado, referência do SUS (Sistema Único de Saúde), que não dispõe de condições para a continuidade de uma especialidade tão importante na assistência aos pacientes, inclusive daqueles gravemente enfermos”, menciona o documento.

Os especialistas apontam ainda a falta de reposição no estoque de descartáveis para a cirurgia cardíaca do HGP, como fios de sutura específico para esse tipo de cirurgia. Eles também dizem que esses materiais devem oferecer segurança porque podem romper durante o procedimento. Eles apontam mais nove itens em falta, entre eles, balão intra-aórtico, usado para circulação mecânica do coração. “A falta de materiais indispensáveis para o tratamento de muitos pacientes cardiopatas ou com outras enfermidades tem sido frequente nos últimos tempos”, ressalta.

Sobre a falta de profissionais que tiveram os contratos extintos, citam instrumentador em cirurgia cardíaca e perfusionistas. “Conseguir profissionais nesta área de perfusão em cirurgia cardíaca, não é tão simples, especialmente em nosso estado”.

Na avaliação dos médicos, para regularizar essa situação basta recontratar o pessoal e instrumentadoras especializadas na área, além da aquisição da lista de materiais em falta.

Veja na íntegra nota em que a SES se posiciona sobre a situação:

A Secretaria de Estado da Saúde (SES/TO) esclarece que os pacientes que necessitam de procedimentos cardíacos no Estado estão sendo atendido nos serviços de hemodinâmica no Hospital Geral de Palmas (HGP) e em serviço conveniado com Sistema Único de Saúde (SUS)  na cidade de Araguaína.

Os pacientes citados em relatório interno do HGP são pacientes ambulatoriais que já são acompanhados por equipe multiprofissional do HGP. Esses pacientes  já foram ou serão encaminhados, via Sistema de Regulação Estadual - Tratamento Fora de Domicilio (TFD)  para o município de Araguaína para realizar os procedimentos cirúrgicos cardiovasculares.

A Secretaria ressalta que está trabalhando para organizar os serviços de Cirurgias  Cardiovasculares em Palmas, no HGP,  o que irá facilitar o atendimento dos usuários evitando deslocamentos para outras cidades.

A Secretaria  garante que nenhum paciente está sem assistência visto que existe o Serviço de Hemodinâmica no HGP com fila zero de espera e o serviço de cirurgias cardiovasculares no Hospital Dom Orione, unidade conveniada com o SUS em Araguaína.

A Secretaria lamenta que informações internas das Unidades Hospitalares estejam sendo compartilhadas fora de contexto, apenas para trazer a insegurança e criando uma situação de caos inverídico na Saúde.