Transformar vidas, formar caráter e transmitir conhecimento.  Essas são algumas das funções do professor, o formador de todas as profissões. Tendo a educação como guia, esse profissional ainda sofre com a desvalorização, seja pela falta de reconhecimento, ou pelos baixos salários oferecidos.

Os professores se tornam importantes atores no desenvolvimento e oportunizam formação em condições iguais para que os alunos possam abraçar as oportunidades. Esse é o caso do estudante Rafael Caxàpêj Krahô, indígena da etnia Krahô, que disputará a semifinal da Olimpíada de Língua Portuguesa em São Paulo (SP). Ele é o primeiro aluno indígena a ser classificado para a Olímpiada. A Secretaria de Educação, Esportes e Juventude divulgou a classificação nesta terça-feira, 15, data em que comemora-se o Dia dos Professores.

O aluno estuda na Escola Estadual Indígena 19 de Abril, na Aldeia Manoel Alves Pequeno, no município de Goiatins, a 568 km de Palmas. Com o apoio da professora de língua portuguesa Deuzanira Lima Pinheiro, ele conseguiu produzir um artigo de opinião sobre o lugar onde vive, tendo como foco o que precisaria mudar.

Com a orientação de Deuzanira, o aluno pesquisou, conversou com os anciões, e o que foi mais forte, a cultura, que tem rituais de gratidão para o meio ambiente e frutificação no cerrado. Com isso, ele produziu “Meu lugar é um pulmão verde no meio da imensidão acizentada”, que chegou a semifinal. Ele retrata no seu texto o valor de se cuidar do meio ambiente, como uma forma de preservação da vida.

A professora afirmou que ela e o aluno ficaram muito felizes. “É a primeira vez que participamos da olimpíada, e nos escrevemos em todas as categorias, teve alunos que produziram documentários, escreveram textos. As atividades da olimpíada movimentaram a escola. Promovemos oficinas, aulas de reforço e por diversas vezes, ficamos o dia inteiro na escola, trabalhando os textos”, disse.

A professora leciona na escola há dois anos e contou que ter um aluno classificado na semifinal trouxe um novo ânimo para a equipe da unidade escolar. Ele viajará na companhia da professora. Na cidade de São Paulo, ambos participarão de três dias de formação, com palestras e passeios culturais, visando ampliar o repertório e as habilidades de leitura, escrita e interpretação.

Bonificação

A concessão de bonificação de 50% aos professores municipais de Santa Rita do Tocantins é outro incentivo que os professores receberam nesta data. O projeto de autoria do executivo municipal, a Lei 390/2019 – recebeu aprovação na última semana na Câmara Municipal de Santa Rita do Tocantins, distante cerca de 150 km de Palmas e trará o benefício para 39 professores da rede municipal, sendo eles professores regentes e em suporte pedagógico, recebem o valor em suas contas. O pagamento já está na conta do servidor desde a manhã desta terça-feira, 15.

Homenagem

Para celebrar a data, a Seduc também realiza homenagens em diversos formados, sendo homenageados com direito a sessões de cinema, palestras e happy hour. A programação ocorre nesta segunda e terça-feira, 14 e 15, no Palmas Shopping, na Capital. 

Os professores estão satisfeitos com a profissão?

Uma pesquisa do Instituto Península, denominada “Retratos da carreira docente”, aponta que para 65% dos professores, a formação é inadequada para o dia a dia em sala de aula. Professores entrevistados disseram que mesmo satisfeitos com sua atuação e querendo seguir na profissão, não se sentem preparados ou reconhecidos.

O estudo mostra que quase sete em cada dez professores brasileiros concordam que sua formação é falha em relação às complexidades que enfrentarão em sala de aula. Segundo a entidade, o levantamento ouviu 1800 professores, de todas as regiões brasileiras, etapas de ensino e tipos de financiamento. Desses, cerca de 1.200 (65%) concordam que a formação de professores no Brasil não prepara para a complexidade das situações que têm que lidar diariamente nas escolas.

Outros temas também foram ouvidos pelos professores. Questionados sobre perspectivas individuais e coletivas ligadas ao ensino, seus propósitos e as relações interpessoais no ambiente escolar, 78% dos professores afirmam se considerar importantes na vida dos alunos e 57% não pretendem mudar de carreira. Porém, a falta de reconhecimento é o primeiro ponto negativo da profissão, segundo eles.

Ao serem perguntados sobre estar satisfeito com a profissão, 77% dos docentes afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos. “Esse número revela que os próprios professores se sentem motivados no cotidiano com os alunos, e querem fazer a diferença, mas, ao mesmo tempo, carecem de uma rede de apoio que envolve a comunidade escolar e a sociedade em geral. Isso porque 56% dos docentes não acreditam que são valorizados por alunos, pais, colegas e sociedade”, diz o instituto.

Professores também afirmam que o ambiente entre os professores precisa de atenção e de um olhar mais cuidadoso no que diz respeito ao incentivo às relações entre os pares dentro da escola. Pois, conforme o estudo, 81% acreditam nisso, pois os docentes dizem que se sentem sozinhos (28%), que existe muito julgamento (26%) e até isolamento (17%).