Ela se manifesta aos poucos, tirando a satisfação das pessoas com suas rotinas, realidades e vida em geral, deixando um grande vazio. Assim é o transtorno depressivo, ou somente depressão, uma doença que faz mais vítimas a cada dia. Conforme informou a Organização Mundial de Saúde (OMS), na última quinta-feira, através de um relatório global, o número de pessoas que possuem a depressão aumentou 18% entre os anos de 2005 e 2015.

Ainda de acordo com o relatório da OMS, há 322 milhões de pessoas vivendo com o transtorno em todo o mundo, sendo que a prevalência é maior entre as mulheres. Os dados também mostram a realidade da doença no Brasil, em que a depressão atinge 5,8% da população brasileira, ou seja, 11.548.577 pessoas.

Esses números estão relacionados com a falta de conhecimento da população quanto à gravidade da doença e também de acesso a tratamentos para depressão e ansiedade, além do estigma associado a esse transtorno mental, conforme pesquisa da OMS.

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De acordo com a psicóloga Larissa Machado, especialista em Saúde Mental, a preocupação com a doença é realmente grande e muitas pessoas procuram os consultórios psicológicos por acreditarem estar sofrendo com o problema. “Às vezes, as pessoas vão com alguns sintomas para verificar se é depressão. Costumo dizer que não trabalhamos só esse transtorno, pois tem várias situações que levam essa pessoa a chegar no ponto de estado depressivo, melancólico. Mas, de fato, o transtorno depressivo tem sido muito frequente nos consultórios” diz a psicóloga, afirmando que já tratou de pessoas com sérios problemas, como a dificuldade de retomar o cotidiano e voltar a fazer sentido a vida.

Larissa também explica que diversas situações podem desencadear um estado de melancolia como uma perda, um rompimento ou problemas relacionados ao trabalho, sintomas que são diferentes do transtorno depressivo. “Todos mundo em algum momento passou ou vai passar pelo estado depressivo e alguns sinais são colocados como uma tristeza profunda. E, às vezes, está tudo bem com o trabalho ou com a família. Mas é uma predisposição que a pessoa já tem para o transtorno depressivo”, explica, ressaltando que nesse estado também podem surgir inclusive pensamentos suicidas.

Uma curiosidade apontada pela psicóloga que pode ser prejudicial ao tratamento de estados depressivos ou da depressão em si é que o excesso de informações equivocadas na internet. “A pessoa quando percebe que está triste, muitas vezes procura na internet o motivo e chega no consultório com o ‘diagnóstico pronto’. Muitas vezes são questões que estão acontecendo na vida da pessoa e ela está em um momento depressivo. Se aquilo não for escutado e a pessoa não se colocar em um processo de tratamento, provavelmente vai ter significado na vida dela, mas é diferente de um transtorno”, detalha, falando também que a depressão possui uma causa mais profunda e com durabilidade maior.