Ivânia Cavalcanti
A defesa de João Teixeira de Faria, de 77 anos, o João de Deus, criticou a forma como ele foi transferido do Instituto Neurológico de Goiânia (ING) para o Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida, na região metropolitana da capital. O médium foi transportado no porta-malas de uma viatura do Grupo de Escolta Penitenciária.
O advogado Alberto Zacharias Toron informou no início da noite desta quinta-feira (6) que desconhecia a forma como o médium foi transportado, mas ressaltou que se “tratando de um idoso, que ainda está convalescendo, me parece um desrespeito à dignidade do preso”.
Também integrante da defesa de João de Deus, o advogado Alex Neder afirmou que foi humilhante e desnecessário. “Para um idoso, doente, com os problemas que ele têm, sem condenação, sem culpa formal, a atitude policial fere a dignidade da pessoa humana. Além de ter sido repito, totalmente desnecessário”, pontou.
Procurada, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que o método utilizado obedece ao procedimento operacional padrão (POP).
Transferência
João Teixeira de Faria, de 77 anos, o João de Deus, retornou nesta quinta-feira (6) para o Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida, na região metropolitana de Goiânia. A transferência foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão proferida na última terça-feira (4). A defesa do médium diz que vai recorrer da medida no Supremo Tribunal Federal (STF).
O médium foi colocado no porta-malas de uma viatura do Grupo de Escolta Penitenciária que o aguardava juntamente cinco agentes armados. João de Deus teve ajuda de dois profissionais do hospital, que o acompanhavam, para entrar na parte traseira do carro. O veículo deixou o local seguido por outra viatura de escolta.
Denúncias
João de Deus está preso desde 16 de dezembro do ano passado, após ser denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (PM-GO) por abuso sexual de mulheres que buscavam atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, a cerca de 90 quilômetros da capital, onde o médium atendia. Atualmente ele é réu por violação sexual, estupro de vulnerável, posse ilegal de arma de fogo e falsidade ideológica, mas nega os crimes.
O médium foi levado para o Instituto de Neurologia no dia 22 de março, após decisão judicial autorizar a transferência dele para tratamento médico. A previsão inicial era que ele iria permanecer no hospital por quatro semanas. Novos pedidos da defesa do médium conseguiram estender o período de internação. O último previa a prorrogação do prazo até o último domingo (2).
Na terça-feira, a Sexta Turma do STJ cassou a liminar que permitia a internação do líder espiritual no hospital em Goiânia. Na quarta-feira (5), o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) recebeu o comunicado do STJ sobre o retorno do médium para o Núcleo de Custódia e, nesta quinta-feira, a juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da Comarca de Abadiânia, despachou o processo que pedia a imediata transferência de João de Deus do Instituto Neurológico de Goiânia para a unidade no Complexo Prisional.
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