Saneamento básico é uma infraestrutura essencial para melhoria da saúde pública das cidades, no entanto, dados do Instituto Trata Brasil e apresentados no último Diálogos da Sustentabilidade na noite da última segunda-feira, 26, mostram que água tratada e coleta de esgoto ainda não é uma realidade para todos os tocantinenses. Dentre os estados da Região Norte, uma das mais críticas com relação a saneamento básico em todo o País, o Tocantins está com um dos melhores índices de água tratada, segundo dados referentes ao ano de 2017, chegando em 80% da população, mas quanto a coleta de esgoto ainda tem muito o que avançar, com apenas 25% das pessoas tem acesso a esse direito.

Para o presidente executivo do Instituto, Édison Carlos, o Estado tem uma situação melhor quanto aos demais estados, considerando que a média da região Norte é 10% da população com acesso a coleta de esgoto. “O Tocantins está melhor em comparativo com os outros estados, pois a região é mais carente e onde há mais dificuldades de avanço. Mas ainda há um desafio grande para o Tocantins porque 2/3 da população ainda precisa ser atendida, os dados mostram que o Estado tem avançado e há esperança de nos próximos anos para poder sair dessa posição”, comentou.

Isso porque, com relação a acesso a coleta de esgoto o Tocantins está em segundo lugar no ranking da região norte (25,9%), ficando atrás somente de Roraima, onde 41,8% da população tem acesso a esse direito. Já todos os outros estados da região oscilam entre 6 e 10%, um índice considerado crítico. Confira detalhes em infográfico no final da matéria.

Carlos acredita que esses números referentes ao Tocantins ainda não refletem um conforto para a população. “Cerca de 80% da população com acesso a água não é um índice confortável, tivemos estados mais desenvolvidos, principalmente no Sul e Sudeste, que estão em uma situação melhor. O Estado tem um bom volume de recursos hídricos, não temos tanto problema de escassez, então isso mostra que ainda falta investimento em água também, 20% da população parece pouco, mas normalmente são as comunidades mais distantes e onde os investimentos são menores ou inexistentes”, reflete o presidente.

Consequências

Segundo Édison Carlos, a falta de saneamento básico atinge em primeiro lugar a saúde das pessoas, mas também traz uma série de outras consequências que perpassam a educação infantil, profissionalização, trabalho e renda da população. Conforme o Instituto, 12 pessoas em todo o Estado morreram em decorrência de doenças de veiculação hídrica no ano de 2017.

“A água é a primeira coisa a se levar para todo mundo, é prioridade, porque o esgoto tem o contato indireto, mas a água a gente ingere, coloca nos alimentos. Mesmo assim, o esgoto é um poderoso transmissor de doenças, então em comunidades que não tem esgoto tratado e água tem muito mais incidência de doenças e internações, todo um custo de saúde que sobrecarrega os postos”, explica.

Outra relação feita é entre saneamento básico e renda média da população, sendo que os tocantinenses com saneamento básico têm uma renda mensal de R$ 2.197 e, naqueles locais sem água tratada ou coleta de esgoto, esse valor cai para R$ 1.582, em média. “Uma pessoa que vive em uma área muito vulnerável tende a ter um crescimento ruim comparativamente a uma criança em um local saneado, porque ela é internada várias vezes, os pais precisam faltar o trabalho e acabam perdendo emprego, também há problemas no aprendizado da criança que levam a menos estudo profissional e qualificação, por fim chegando a um emprego não tão bom e com salário baixo, tudo tem relação”, completa.

Saída

A saída para que haja garantia de água potável e coleta de esgoto para todos passa por comprometimento. Segundo o presidente do Instituto, tanto os gestores precisam ter saneamento como prioridade quanto a população precisa entender a importância de lutar por esse direito que é básico. Esses pontos levam a mais investimentos, o que fará com que toda a população passe a ter acesso e haja uma melhoria nítida na saúde, educação e outras questões.

“Não é um investimento pontual, precisa ser todo ano e cada vez mais, independente da gestão ou de amarras. Somente 6% das cidades brasileiras tem esse trabalho feito por empresas privadas e sabemos que o setor público tem muitas amarras para conseguir ter bons recursos, então queremos que haja uma maior parceria entre o público e privado, investimento todo no ano e a longo prazo”, completa.

Instituto

O Instituto Trata Brasil é formado por empresas e entidades sociedade civil, além de personalidades em prol de mais saneamento básico para o Brasil. O trabalho da entidade é gerar conteúdo e estudos, dados, para manter a sociedade informada sobre os problemas e buscar por esse direito.

Recentemente o Instituto lançou um painel online com dados referentes a saneamento básico das 200 principais cidades do Brasil para consulta pública. Até o fim do ano a intenção é estender os índices para as 500 maiores cidades e, até meados de 2020, para todos os municípios com mais de 50 mil habitantes.  

BRK Ambiental

A BRK Ambiental esclareceu que as duas cidades que têm 99,99% dos moradores com acesso a água tratada, conforme dados de 2019. Em Palmas, o serviço de coleta de esgoto já está disponível para cerca de 90% dos moradores da área urbana. Em Araguaína, cerca de 30% da cidade já conta com o benefício.

Entre os investimentos, a empresa destaca que no último ano foram construídas mais de 50 mil metros de rede coletora de esgoto nesses municípios, além disso, duas novas estações, com nova tecnologia de tratamento, estão em fase de planejamento para construção nas duas cidades. Assim como nas outras cidades atendidas pela BRK Ambiental, todo o esgoto coletado é tratado antes de seu destino final.