Com o município assumido a condição de epicentro da Covid-19 no Tocantins com 194 casos e à frente da capital (141 casos) a Prefeitura de Araguaína anunciou ontem que irá adotar a partir deste sábado, 9, um novo protocolo de tratamento contra covid-19 com o uso de hidroxicloroquina iniciada já em pacientes que estão em isolamento domiciliar. Mesmo com o maior número de casos no Estado, Araguaína não registrou ainda nenhuma morte local pela doença. A capital contabiliza duas mortes por Covid-19.
 
Segundo as informações divulgadas em nota pela Prefeitura, a adoção se baseia na experiência da Espanha. O país europeu registrou nesta mesma sexta-feira, 8, aumento de 229 mortes em relação às 213 confirmadas no dia anterior, segundo dados do Ministério da Saúde, e chegou ao total de 26.299 mortes dentro dos 222.857 casos confirmados de Covid-19 naquele país. 
 
Para começar a hidroxicloroquina neste sábado, o Instituto Saúde e Cidadania (ISAC) que gerencia a saúde municipal treinou 29 servidores entre médicos e enfermeiros das unidades básicas de saúde (UBS) na quinta-feira, 7. Por meio da assessoria de imprensa do município, o superintendente municipal da Atenção Básica, Murilo Bastos, afirma que a medida busca evitar contágio comunitário enquanto o médico e gerente de assistência do ISAC, Vinicius Menezes, afirma que a hidroxicloroquina e o zinco serão iniciados em pacientes que estão em isolamento domiciliar “Mesmo para leves e moderados”. Ainda segundo a assessoria, para os casos internados a prescrição será de “anticoagulante e corticoide".
 
A prefeitura defende que municípios de Alagoas, Piauí e Maranhão autorizaram o uso dessas medicações, mas não da forma que Araguaína está fazendo: “desde a Atenção Básica às unidades hospitalares", segundo a assessoria.
 
Conselheiro do Tocantins no Conselho Federal de Medicina (CFM), o médico Estevam Rivello Alves comentou ao JTO que é preciso saber quais estudos o município se baseia, dado o universo de países que compõe a Europa e mesmo os produzidos na Espanha. Ele também discorreu sobre os princípios médicos como da não-maleficência, da autonomia do médico e a valorização da relação entre médico e paciente, como basilares para  prescrição de medicamento como a hidroxicloroquina em meio à pandemia, mas disse que o CFM baixou o Parecer CFM nº 04/2020, que é o que respalda a atuação de todo médico brasileiro no enfrentamento do Coronavírus.
 
Ele destaca que o Conselho Federal Medicina após discutir a situação da Covid-19 e o uso da medicação – consagrada para outros males – estabeleceu propostas para uso da hidroxicloroquina em três cenários, um deles é similar ao que Araguaína propõe, para pacientes no início dos sintomas.  “O uso em pacientes com sintomas leves no início do quadro clínico eu preciso descartar que ele não tenha outras viroses, como a influenza (gripe), a H1N1 e a dengue, porque têm sintomas semelhantes, mas se confirmei que é Covid-19, posso fazer uso, mas preciso avisar o paciente que a droga não tem, até o momento, eficácia robusta comprovada para o tratamento da Covid-19, além de explicar todos os efeitos colaterais possíveis e só aplicar após o consentimento do paciente”,conclui