Estima-se que R$ 200 bilhões de reais sejam desviados anualmente dos cofres públicos do Brasil por ano conforme a Associação Nacional dos Procuradores da República. De acordo com o Banco Mundial, se esses níveis de desvios fossem reduzidos pela metade, ocasionaria uma redução de 51% da mortalidade infantil e de 54% da desigualdade na distribuição de renda à população brasileira.

Em 2003, o Brasil aderiu à Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, ação que prevê que os países devem fomentar a participação das pessoas e grupos que não fazem parte do setor público, como as organizações não-governamentais, entidades comunitárias na preservação e na luta contra a corrupção, além de sensibilizar a opinião pública a respeito da existência, das causas e da ameaça que a corrupção representa.

Estudos mostram que investir na educação pode mudar o futuro da nação. Conforme Claudia Crispim, diretora da área de educação do Banco Mundial, mais de 200 milhões de crianças pelo mundo não conseguem atingir pleno potencial cognitivo por estarem expostas a fatores como subnutrição, pobreza, violência e aprendizagem inadequada.

No Brasil, essa vulnerabilidade social atinge 21,6% das crianças de zero a três anos, segundo dados da ONG Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. Na zona rural, a taxa já sobe para 40%. Vale destacar que crianças expostas a menos oportunidades de desenvolvimento nessa fase tornam-se, com maior probabilidade, adultos pobres, produzindo o fenômeno conhecido como ciclo intergeracional da pobreza, de acordo com o estudo.

Para fomentar uma cultura contra a corrupção e colaborar para o desenvolvimento humano, reduzindo os prejuízos sociais às próximas gerações brasileiras, o Fórum Tocantinense de Combate à Corrupção (Focco), composto por diversas instituições de controle, elaborou uma proposta de discussões sobre o tema nas escolas municipais e estaduais do Estado do Tocantins.

Fórum

O fórum é composto pelo Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Contas (MPC), Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral do Estado (CGE), Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Justiça (TJ), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Receita Federal (RF).

Recebendo o nome “Educação contra a corrupção”, a proposta tem o objetivo de estimular professores e profissionais da área da educação a adotar dentro das salas de aula, a corrupção como tema transversal, discutindo-o em disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, dentre outras, através da disponibilização de conteúdo para a elaboração das aulas por meios digitais.

O coordenador do Focco, o promotor de Justiça Vinícius de Oliveira e Silva explicou que todo o conteúdo para a para elaboração de aulas é composto de vídeos, cartilhas, reportagens, concursos de redação e desenho, cursos e sugestões de trabalhos desenvolvidos pela sociedade civil organizada no combate à corrupção, conteúdos estes que estão disponíveis através do site www.mpto.mp.br/focco.

Além disso, o promotor informou que o fórum encaminhou todo o material para sindicatos, associações e secretarias estadual e municipais de educação.O material segue a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96) proposta pelo Ministério da Educação que prevê a integralização curricular, podendo incluir projetos e pesquisas envolvendo temas transversais.