Como falado na primeira reportagem desta série especial sobre pessoas em situação de rua, Palmas conta com dois projetos de atenção a essa parcela da população. O Palmas que te Acolhe, gerenciado pela Fundação Municipal da Juventude (FMJ), e o Consultório na Rua, implantado no segundo semestre de 2016 pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

“O Palmas que te Acolhe foi um grande desbravador dessa nova política de redução de danos e garantia de direitos. Uma política onde se olha a pessoa em situação de alta vulnerabilidade social de uma forma diferente”, define o presidente da FMJ, Nahylton Alen. Para ele, embates como a guerra contra as drogas não apresentam resultados e, com essa nova metodologia, o município tem conseguido efeitos positivos, como a reinserção social dos acolhidos. “Mais de dez pessoas que passaram pelo projeto estão reinseridos no mercado de trabalho, isso em um ano. Comparando com outros tipos de trabalho feito com essa população para que deixem os vícios, percebemos que a eficácia do Palmas que te Acolhe e sua política de garantia de direitos é expressiva”, destaca e lembra ainda que o projeto promove, inclusive, a reaproximação das pessoas em situação de rua com familiares.

Alen relata a história de um homem que a família o procurava há mais de 25 anos. “Ele foi resgatado, acolhido, fizemos um trabalho com ele que hoje está em total abstinência”. O senhor, que não teve nome revelado, estava doente e recebeu cuidados médicos. A família, que reside no Pará, está a caminho de Palmas para buscá-lo esta semana. Outro caso que chama atenção é de uma travesti, cujo nome também não foi revelado, e que será reintegrada à sua família que reside em Minas Gerais. “Ela tinha mania de acúmulo, era muito agressiva devido à violência sofrida nas ruas e hoje é uma pessoa extremamente tranquila, se tornou o xodó do projeto”, elogia o presidente ao reforçar que conseguiram, inclusive, emitir os documentos da travesti e organizar sua aposentadoria.

No que tange à preparação dos acolhidos para o mercado de trabalho, Nahylton Alen destaca duas frentes de ação: o cuidado com uma horta de 1.200 metros, onde é trabalhado o associativismo e a economia solidária, “preparando-os para o diálogo com outras pessoas a fim de vender o produto final”; e uma fábrica de sabão em barra e líquido. “Esse momento com a horta, de produção do sabão e de ir a campo para vender é o próprio preparo que eles passam para estarem galgando esses passos”, explica.