A Secretaria de Saúde de Araguaçu usou pelo menos 11 doses de vacina da cota de profissionais de saúde para vacinar advogada, porteiro, copeira entre outros servidores de uma UBS (unidade básica de saúde).  A publicação da imunização advogada, nomeada em fevereiro como supervisora da UBS, nas redes sociais, repercutiu, mas o secretário Francisco Ronnivon Alves da Silva defende que não houve irregularidade no procedimento.

“Em nenhum momento houve nem haverá fraude na vacinação, pois todo o processo tem sido realizado dentro dos parâmetros do Informe técnico do MS que será obedecido criteriosamente e dentro da legalidade”, afirma.

Quem aparece na postagem é a advogada Marilene Bezerra de Araújo, mas o secretário afirma que ela foi nomeada no início do ano como supervisora da saúde, o que a coloca na condição de trabalhadora saúde e no grupo prioritário. Segundo Ronnivon, ela é responsável por receber pacientes com demandas de assistência de medicamentos e transferência para fora do município. 

“O que as pessoas não entenderam ainda, é que independente da formação acadêmica, uma vez lotado em uma instituição de saúde, seja ela pública ou privada, o profissional se enquadra enquanto profissional da saúde”, diz.

“Desse modo, assim como os trabalhadores de uma redação jornalística não é composta apenas por jornalistas, envolvendo trabalhadores do administrativo, copa, higienização, logística, como outros, também são trabalhadores da saúde, os condutores de ambulância, auxiliares de limpeza, auxiliares de serviços administrativos, recepcionistas, e tantas outras categorias de profissionais que apesar de não terem formação na área da saúde, laboram em ambientes como hospitais e unidades básicas de saúde”, avalia.

A Secretaria Municipal de Saúde de Araguaçu recebeu 117 doses da primeira fase da vacinação, da quais 73 doses são para trabalhadores da Saúde e 44 doses para os residentes no abrigo de idosos e trabalhadores do abrigo, segundo Ronnivon. Na segunda remessa, recebeu mais 80 doses para profissionais da Saúde, profissionais descritos no informe técnico do Ministério da Saúde (MS) como profissionais da urgência, emergência e profissionais das UBS. 

De acordo como secretário, houve resistência de 20 profissionais que não quiseram se vacinar e assinaram termo de responsabilidade para não tomar a vacina. São 11 da atenção básica nas UBS e 9 pessoas na Urgência e Emergência. Essas doses, de acordo com o secretário, foram para nos braços de outros servidores.
“Devido a recusa dos profissionais escalados para o dia, a vacina foi disponibilizada para os demais servidores da UBS, conforme o descrito no Informe Técnico do Ministério da Saúde”, explica o secretário. Segundo ele, isso foi para “evitar o desperdício”. “Os frascos, recipientes da vacina, são do tipo multidoses, possuindo 10 doses e com a prazo máximo de seis horas para a sua devida utilização, após a abertura”, afirma.

Sob investigação

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) confirmou ao Jornal do Tocantins que teve conhecimento do caso no final de semana e determinou a instauração de uma notícia de fato. A primeira medida é requisitar informações ao município.  A Ouvidoria do órgão ministerial também recebeu agora pela manhã, via whats, uma denúncia de suposta fraude na vacinação de Araguaçu.