“Antes, meu filho não tinha controle do próprio corpo, agora ele já está praticamente andando e isso é gratificante. A Apae representa vida nova”. A declaração é de Eliete Bezerra, mãe do Vitor Daniel, criança que nasceu prematura e com deficiência intelectual. Hoje, com quatro anos, ele é atendido na Apae de Palmas.

Sem fins lucrativos, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) nasceu diante da ineficiência do Estado em garantir a inclusão das pessoas com deficiência. A instituição é composta por famílias que buscam, diariamente, a quebra de preconceitos e padrões para obter melhores alternativas de vida para seus filhos, que convivem com deficiência intelectual ou múltipla.

Em Palmas, a Apae passa por dificuldades financeiras para atender seus 240 assistidos. Uma parceria com o governo do Estado garante a cessão de servidores públicos para trabalharem na instituição e também no fornecimento de gasolina para abastecer os ônibus para o transporte dos atendidos. A prefeitura de Palmas também cede servidores, mas não ajuda com outras despesas.

De acordo com o Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC), são direcionados recursos de acordo com a quantidade de alunos matriculados. Dos 240 de assistidos em Palmas, apenas 40 estão matriculados e estudando regularmente.

Segundo a diretora da entidade, Aparecida Guedes, atualmente, a receita enviada pelo MEC é de um pouco mais de R$ 1 mil. A limitação de recursos dificulta a administração. “Nossos gastos geralmente ultrapassam o nosso orçamento. Nunca sabemos quanto vamos receber em doações. Sempre pedimos doações para custear os gastos que são muitos, mas nem sempre dá. Precisamos descobrir um meio fixo para obtermos recursos. Até fizemos uma horta para nos manter, mas a água veio muito cara”, destaca.

Lânia Pinheiro, coordenadora financeira da Apae de Palmas, afirma que a cada mês a instituição se encontra em um situação financeira diferente, o que prejudica suas atividades. A receita fixa é de R$ 8 mil, mas R$ 9 mil são gastos somente com água e energia. “Temos diversas dívidas como alimentação, reformas, papelaria, manutenção de ar-condicionado, manutenção dos ônibus, coisas que são muito imprevisíveis, o que não permite que a gente se programe a tempo. Hoje, estamos devendo cerca de R$ 4 mil só com alimentação”, expõe.

Lânia explica que o poder público não paga nenhuma despesa da casa. “Necessitamos que a comunidade também seja sensível e nos ajude. Precisamos de um meio de recurso próprio e estamos abertos a sugestões”, finaliza.

No Brasil, a Apae realiza aproximadamente 200 mil atendimentos diários. Em 2016, 120 mil atendimentos foram feitos na área da saúde, 240 mil em Educação e 230 mil em assistência social. O Tocantins possui 54 Apaes.

entidade tem

receita fixa

de R$ 8 mil mensais, mas gastos só

com água e energia elétrica

chegam a R$ 9 mil