O confinamento tem sido uma realidade de muitas pessoas mundo a fora após a pandemia de Covid-19 que tem se espalhado pelo mundo em níveis exorbitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o isolamento social e cuidados básicos de higiene como formas para prevenir a doença que tem matado milhares de pessoas diariamente. 

Um animal de estimação pode ser uma ótima companhia durante esse período caótico que o mundo atravessa. Os bichinhos podem ajudar a diminuir a tensão e ser o companheiro neste momento difícil. 

Nos Estados Unidos, a cidade de Nova York registrou um aumento de 10 vezes no número de solicitações de adoção. No entanto, cabe destacar que uma adoção precisa ser responsável e que esse pet não pode ser descartado após o surto de Covid-19 pelo mundo.

Por entender que os serviços veterinários e de nutrição animal são essenciais à população, o Conselho Federal de Medicina Veterinária recomenda que as clínicas e os hospitais veterinários mantenham o funcionamento, de preferência, em regime de plantão para consultas dos animais que necessitem de atendimento de urgência e emergência. Em Palmas, o atendimento de médicos veterinários e o comércio de ração ocorre normalmente.

 Keylla Farias faz parte de uma organização que resgata animais e os prepara para adoção em Palmas. Para ela, desde que a pandemia de coronavírus começou, os números de adoções de animais têm aumentado. 

A cuidadora de animais não tem divulgado dados sobre animais disponíveis para adoção nos abrigos cuja é voluntária, tendo em vista as medidas de segurança. No entanto, segundo ela, as pessoas continuam procurando e mais. “No abrigo que sou voluntária existem cerca de 50 cachorros e 50 gatos. Conseguimos que seis cachorros e quatro gatos fossem adotados. As pessoas seguem procurando”, afirma. 

Para que adoção seja feita, diversos passos de higiene estão sendo tomados para prevenir o contágio do coronavírus, segundo Keylla. “Evitamos ao máximo o contato direto com o adotante”, explica. 

Ela ressalta que há vários critérios para adoção. Esses critérios estão mais exigentes. “Nesse período de quarentena, os critérios de exigência aumentam. Pois o abrigo quer saber se realmente a pessoa quer adotar por responsabilidade, por ter consciência de uma adoção responsável. Ou se somente quer o bichinho para satisfazer vontades enquanto está dentro de casa”, questiona ela sobre o período de confinamento.  

Adoção consciente

Quem adotou um bichinho e está muito feliz é a atendente de telemarketing Jaquellyne Araujo de Jesus. Ela adotou a cadela Nina na última segunda-feira, 30. Segundo ela, o período de quarentena com o novo pet é normal. “A diferença é que a gente não está saindo. Só fomos no veterinário para dar as vacinas, mas a Nina é um amor, muito carinhosa, muito fofa. É a principal distração da casa. O fato dela estar aqui diminui a tensão de ter que ficar em casa, nós brincamos muito e isso ajuda bastante na ansiedade”, diz. 

De Portugal, o mecânico Filipe Cristóvão mora há 15 anos em Palmas. Ele relata que sempre morou na zona rural e há um ano está na zona urbana. Por morar em um local que não tinha quintal, ele diz que não tinha pets, porém a situação mudou. “Neste momento estou numa casa com quintal e resolvi procurar um gatinho, o Piong, para fazer companhia, visto que também estou de quarentena do serviço. É uma responsabilidade que se arruma, mas que é recíproca com carinho”, comenta.

Abandono 

A enfermeira Solany Maria Souza Moreira cuida de animais e é membro do Comitê Estadual de Proteção e Defesa dos Animais. Em sua visão, durante o período de pandemia, as adoções de animais diminuíram bastante no Tocantins. Ela afirma que os motivos são muitos. “Precisamos atender a orientação da OMS de reduzir a movimentação de pessoas e frequentar apenas locais de necessidade humana básica. Dessa forma a adoção diminuiu. Salvo animais que já estavam adotados”, alerta.

Os animais exercem uma função muito importante para os humanos, segundo a enfermeira. “Os gatos e os cachorros são animais que permitem o aconchego, o carinho, a atenção. A pessoa não se sente só com a presença dele. E o confinamento nos leva a situação de extremo estresse. O animal socializa. Para quem tem Covid-19, o bichinho é uma companhia. 

Mas é preciso tomar cuidado coma higiene. Ela explica que os animais não são transmissores de Covid-19, no entanto, atuam como superfícies como qualquer outra que pode contaminar. “Se uma pessoa contaminada pegar um pet e uma outra pessoa pegar o animal, ela pode ter o vírus. Mas ele não é transmissor”, afirma. Solany explica que muitas pessoas abandonaram seus animais por conta desse fator, no entanto, o abandono também pode estar ligado a irresponsabilidade. “Muitas pessoas utilizam esse período para justificar o abandono dos animais”, pontua.

A enfermeira explica que os dados sobre o abandono não são levantados no Tocantins, por falta de um banco de dados consolidado no Estado.