O caso da jovem Patrícia Aline Santos, de 29 anos, assassinada em Palmas na semana passada chamou a atenção sobre a importância da vítima denunciar o agressor. Patrícia, que optou por não denunciar o então namorado Iury Italu Mendanha, pode ter assim decidido por uma série de fatores, entre eles, o medo e a demora da Justiça. Mendanha, de 24, e Silas Barreira Borges, de 23 anos são os principais suspeitos de matarem Patrícia e já estão presos.

Patrícia também foi agredida por outro companheiro com quem vivia em união estável por três anos (de março de 2014 a junho de 2017), conforme processos judiciais.

A vítima denunciou o ex-companheiro no dia 11 de junho de 2017 e o inquérito só foi concluído cinco meses depois. O indiciamento do acusado, só ocorreu 10 meses depois.

Outro caso de violência conta a mulher que teve um desfecho diferente ocorreu em Porto Nacional. Uma mulher de 39 anos foi condenada nesta semana a seis anos de prisão em regime semiaberto por homicídio contra um homem que a assediou. O crime aconteceu em abril de 2012. No júri, ela afirmou que houve um acidente. “Ele torceu meu braço e eu recuei. Eu não queria que ele me tocasse, eu fiquei com muito medo de ele me violentar, que seria pior”. “A faca estava lá, eu não levei faca de casa, eu não premeditei, relatou a mulher.

Defensoria

A defensora pública e coordenadora do Núcleo Especializado em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem), da DefensoriaPública do Estado (DPE-TO), Vanda Sueli Machado, comentou o caso de Patrícia. Segundo ela, as razões que levam uma vítima de violência a não denunciar o agressor são as mais variadas. “No caso da Patrícia, eu gostaria de pontuar que tenho certeza que não foi o descrédito na Justiça, embora a denúncia tenha sido posterior, ela tinha medidas protetivas, foi assistida na Defensoria e depois retornou para retirar as medidas porque ela já não tinha mais conflito s com o agressor, acredito que tenha sido outros fatores que levaram ela a não denunciar e o principal pode ser o medo”, ressalta.

A defensora também falou sobre a importância da denúncia. “É importante que toda mulher que está sofrendo violência, ou qualquer pessoa que tenha conhecimento do fato, faça a denúncia, precisamos quebrar o pensamento de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, pois essa colher pode salvar vidas”, lembra.

Já o delegado responsável por investigar a morte de Patrícia, Israel Andrade, também comentou a demora na conclusão do caso. “Podemos observar que as medidas protetivas saíram logo após a denúncia, então a demora no indiciamento do réu foi insignificante, porque de imediato ela já recebeu a proteção, tanto é que mesmo após as medidas ele voltou a agredir e ele foi preso”, disse.