Na nova denúncia contra João Teixeira de Faria, de 77 anos, o João de Deus, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), afirma que é clara a participação de funcionários, voluntários e donos de pousadas na rede de apoio ao médium. Detalhes, desta que é a décima denúncia contra João de Deus, foram apresentados pelos promotores da força-tarefa Augusto César de Souza e Ariane Patrícia Gonçalves, na manhã desta quarta-feira (5). A denúncia foi protocolada no Fórum de Abadiânia, a cerca de 90 km de Goiânia.

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Segundo o promotor, eles tinham consciência e ajudavam tanto para que as vítimas não denunciassem quanto para que os abusos acontecessem. De acordo com a denúncia, os abusos aconteciam em uma fila, onde os atendimentos eram realizados. Os funcionários e os voluntários eram os únicos que ficavam de olhos abertos. A orientação era que os pacientes ficassem na fila, de cabeça baixa, em oração e quem abrisse os olhos era retirado da sala.

Algumas vítimas chegaram a procurar os funcionários para contar o que tinham passado e os mesmos os dissuadiam e diziam que era um procedimento normal e que elas não deviam procurar uma autoridade competente. As investigações continuam e agora funcionários, voluntários e donos de pousadas podem ser denunciados pelo MP-GO. No entanto, ninguém ainda foi ouvido na condição de investigado.

Habeas corpus

Na tarde desta terça-feira (4), a maioria da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou os dois pedidos de habeas corpus de João Teixeira de Faria, de 77 anos, o João de Deus. A defesa do réu havia feito o pedido em relação aos processos por crimes sexuais e a posse de armas. O médium é réu por violação sexual, estupro de vulnerável, posse ilegal de arma de fogo e falsidade ideológica, mas nega todos os crimes.

Os ministros do STJ Néfi Cordeiro, Laurita Vaz, Rogerio Schietti Cruz e Antonio Saldanha Palheiro decidiram negar o pedido e ainda cassar a liminar que permitia a internação de João de Deus no Instituto Neurológico de Goiânia. Apenas Sebastião Reis Junior votou a favor do pedido. De acordo com a assessoria do STJ, o médium já apresenta sinais de melhoras de saúde, e por isso pode continuar recebendo tratamento médico na prisão.

No domingo (2), venceu a prorrogação da internação de João de Deus no Instituto de Neurologia de Goiânia. Em 22 de março deste ano, o médium foi transferido para a unidade e a princípio deveria permanecer em tratamento por quatro semanas. Em abril, a defesa entrou com um novo pedido para que o João de Deus continuasse internado e o ministro Nefi Cordeiro estendeu o prazo por mais 10 dias. Assim que o prazo venceu, foi protocolado um novo pedido e desta vez o ministro ampliou o prazo por mais 30 dias.

Em nota, o Instituto de Neurologia de Goiânia informou que aguarda o comunicado sobre a decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou nesta terça-feira (4), o retorno do paciente João Teixeira de Faria à prisão. O hospital aguarda também o posicionamento da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP) para a alta do paciente.

João Teixeira de Faria está internado no Instituto de Neurologia de Goiânia desde 22 de março deste ano, quando a justiça autorizou sua hospitalização na unidade. A decisão que determinou a internação previa a saída do paciente em abril passado, mas a equipe médica solicitou a prorrogação do prazo, pois, de acordo com a nota, o médium não tinha condições clínicas de deixar o hospital. A prorrogação do prazo foi autorizada até o início deste mês.

Na semana passada, após nova avaliação, os médicos que acompanham o paciente encaminharam um laudo à justiça informando que João Teixeira de Faria está em condições de ter alta da internação hospitalar, mas necessita de acompanhamento home care (cuidados em casa). A oferta ou não deste serviço (home care) deve ser definida pela justiça e pela DGAP.